Os dois homens começaram a ser julgados hoje em Tóquio pelo envolvimento na fuga de Carlos Ghosn.
De acordo com fontes da agência de notícias Kyodo, do Japão, antes de se apresentarem hoje no Tribunal do Distrito de Tóquio, os norte-americanos Michael Taylor, 60 anos, ex-membro das Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos ("Green Beret") e o filho Peter, de 28 anos, admitiram ter ajudado Carlos Ghosn a fugir do país.
Os dois homens afirmaram que foi Carole Ghosn, mulher de Carlos Ghosn a pedir-lhes que ajudassem o empresário a sair do país de forma ilegal no dia 29 de dezembro de 2019.
Apesar de se terem declarado culpados, vão ser submetidos a julgamento, mas a colaboração com a Procuradoria pode atenuar as sentenças.
As autoridades do Japão dizem que Ghosn contratou os dois norte-americanos por 1,3 milhões de dólares.
Os procuradores adiantaram que a quantia correspondente a 500 mil dólares foi transferida para uma conta bancária em nome de Peter Taylor pelo filho de Ghosn, Anthony.
Peter Taylor disse em janeiro ao Tribunal de Massachusetts, que conheceu Ghosn em 2019 no Japão, mas que abandonou o país no dia 29 de dezembro de 2019 em direção a Xangai, República Popular da China.
Nas mesmas declarações, nos Estados Unidos, Peter Taylor disse que não esteve em contacto com o pai, Michael Taylor, durante "esse período".
De acordo com os procuradores japoneses e após declarações oficiais no Japão, os Taylor ajudaram Ghosn a fugir da casa onde residia, em Tóquio, na altura em que se encontrava em liberdade sob fiança e a aguardar julgamento no mega processo de fraude, má gestão e apropriação de capitais, entre outros crimes.
Ghosn foi ajudado pelos dois norte-americanos que o transportaram para a cidade de Osaka no dia 29 de dezembro de 2019 onde embarcou num avião de forma clandestina.
Ghosn passou pelas autoridades japonesas escondido no interior de uma caixa de grandes dimensões, aproveitando uma falha no sistema informático do aeroporto, e depois transferido para um avião privado que o levou para o Líbano, após uma escala na Turquia.
O ex-presidente da Nissan estava proibido de abandonar o Japão devido ao processo judicial.
O empresário, detentor de nacionalidade libanesa, francesa e brasileira, permanece desde o momento da fuga na capital do Líbano, país que não tem acordo de extradição com Tóquio.
Os dois norte-americanos envolvidos na operação ilegal foram detidos em Massachusetts, Estados Unidos, em maio de 2020, e a pedido das autoridades japonesas foram extraditados para Tóquio no passado mês de março.
A justiça norte-americana rejeitou os recursos pedidos pelos Taylor.
Os dois homens permanecem no mesmo centro de detenção de Tóquio onde esteve Carlos Ghosn durante mais de 100 dias, antes de ter sido libertado sob fiança.
Carlos Ghons, 67 anos, que prestou declarações no Líbano após um pedido da Interpol a pedido do Japão, negou todas as acusações afirmando que é vítima de uma conspiração orquestrada pelo fabricante japonês de automóveis, Nissan, numa altura em se que negociava com a Renault uma maior participação da empresa francesa no grupo.