Vladimir Putin e Joe Biden firmaram, na quarta-feira em Genebra, um curto texto - de apenas três parágrafos - em que ficou expressa a vontade das duas partes em estabelecer "diálogo sobre estabilidade estratégica", nomeadamente sobre o controlo do armamento nuclear.
"Apesar de ser um texto muito curto, trata-se de um documento comum sobre a 'estabilidade estratégica' que revela particular responsabilidade dos nossos países perante o mundo inteiro e não apenas nos nossos povos", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à estação de rádio Echo, de Moscovo.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Riabkov, qualificou a perspetiva de diálogo sobre o desarmamento nuclear e a rejeição de uma guerra atómica como um "verdadeiro sucesso".
Após o prolongamento - "in extremis" - do tratado de desarmamento New Start, no início do ano, por Joe Biden "é o segundo passo de Washington no sentido do regresso ao bom senso", disse Riabkov citado pelo jornal Kommersant.
Segundo Serguei Riabkov, o diálogo sobre a "estabilidade estratégica" entre russos e norte-americanos deve começar em breve.
"É uma questão de semanas, ou meses", revelou.
A Rússia e os Estados Unidos detêm atualmente mais de 90% das armas nucleares a nível mundial, de acordo com o relatório do Instituto Internacional (Sipri) sobre a paz, publicado em 2020 em Estocolmo.
"Desde o princípio que avisamos contra as expectativas elevadas sobre esta cimeira. Mas agora, podemos dizer, com base nos comentários do próprio Presidente (Putin), que decorreu sob o sinal 'mais'", declarou ainda o porta-voz do Kremlin.
Dmitri Peskov, que fez parte da delegação presente na cimeira, acrescentou que o encontro "obteve resultados porque os líderes tiveram oportunidade para mostrar com franqueza ambas as posições e de compreender, 'mais ou menos', onde e quando se pode interagir e quando não é possível devido a discrepâncias".
O documento assinado por Putin e Biden refere que a "Rússia e os Estados Unidos demonstraram que em períodos de tensão são capazes de conseguir progressos no cumprimento de objetivos comuns para garantir as previsões no âmbito estratégico, diminuir riscos de conflitos armados e a ameaça de uma guerra nuclear".
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