"Hoje é o Dia Mundial do Refugiado. Nunca pensámos que seria assinalado tendo em conta cidadãos da Venezuela (...). Somos um país fora de um país", escreveu David Smolansky, representante do líder oposicionista Juan Guaidó na Organização de Estados Americanos, na sua conta oficial na rede social Twitter.
Smolansky lembrou que existem "5,36 milhões de desterrados pela ditadura, que merecem proteção, educação, acesso a vacinas e integração laboral".
Recordou ainda que a celebração do Dia Mundial do Refugiado coincide com as celebrações do Dia do Pai, na Venezuela.
"Parabéns a todos, principalmente aos que têm longe os seus filhos. Há milhares de pais venezuelanos, viandantes, náufragos e desterrados, que arriscaram tudo para alimentar e dar uma segunda [pátria] aos filhos", escreveu.
Juan Guaidó também usou a rede Twitter para alertar para a severidade da crise migratória venezuelana: "É a mais severa, deste momento, no mundo, pela sua duração e impacto".
"Migrar não tem sido uma decisão fácil para mais de 5,36 milhões de venezuelanos. O regresso à democracia na Venezuela será o regresso da nossa gente", afirmou.
O comissário especial da oposição para a Ajuda Humanitária, Miguel Pizarro, representante na Organização das Nações Unidas, recordou que milhões de venezuelanos "foram obrigados" a abandonar o seu país.
"No Dia Mundial do Refugiado, além da força de todos os refugiados em todo o mundo, assinalo a coragem de milhões de venezuelanos que diariamente continuam perseguindo os seus sonhos, onde quer que estejam, apesar de se terem visto forçados a deixar as suas vidas, no seu país", escreveu igualmente no Twitter.
O opositor sublinhou que ratifica "a necessidade de que sejam protegidos" e tenham as ferramentas necessárias "para ter qualidade de vida, acesso à saúde, alimentação, educação, trabalho, habitação, serviços públicos e segurança".
Segundo a oposição, 5.363.986 venezuelanos abandonaram o seu país, desde 2015, para escaparem à crise política, económica e social.
Na quinta-feira 17 de junho, teve lugar, em formato digital, a Conferência Internacional de Doadores (CID), em solidariedade com os Migrantes e Refugiados Venezuelanos, convocada pelo Canadá.
Os países que participaram na CID comprometeram-se a disponibilizar 1.554 milhões de dólares (1.306 milhões de euros) para ajudar os venezuelanos, 954 milhões de dólares (801,5 milhões de euros), em doações, e 600 milhões de dólares (504,5 milhões de euros), em créditos.
A Colômbia, Peru, Equador, República Dominicana e os Estados Unidos comprometeram-se a conceder o estado de "proteção temporária" aos migrantes e refugiados venezuelanos nesses países.
O Governo venezuelano, por seu lado, classificou, em comunicado, a ação da CID de "farsa mediática", propaganda anti-venezuelana e questionou o destino dos recursos angariados.
Caracas acusou "Espanha, Canadá, a União Europeia e as agências ONU" de exibirem "uma leitura cínica da situação" dos migrantes venezuelanos, "omitindo escandalosamente" as "causas vinculadas à imposição de um bloqueio criminoso, através de sanções ilegais".
Assinalou ainda "as situações de discriminação e de exploração" de venezuelanos em países do continente americano, "perante o olhar indolente de governos, que, longe de garantirem os direitos humanos, toleram e até mesmo promovem manifestações xenófobas".
A crise na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando o presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de Presidente interino, até afastar o Presidente Nicolás Maduro do poder, convocar um Governo de transição e eleições livres e democráticas no país.
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