O juiz Victor Zuñiga considerou "não fundado" o pedido do Ministério Público "para revogar a liberdade condicional" de Keiko Fujimori e "colocá-la novamente em prisão preventiva", apesar de reconhecer que Fujimori não cumpriu as normas de conduta impostas quando foi libertada da prisão, em abril de 2020, nomeadamente não comunicar com testemunhas.
A líder do partido de direita Fuerza Popular passou 16 meses em detenção provisória por suspeitas de corrupção no caso da empresa brasileira Odebrecht.
O requerimento do Ministério Público foi apresentado quatro dias após a segunda volta das eleições presidenciais no país, cujos resultados definitivos não são ainda conhecidos, devido aos pedidos de impugnação.
Com todos os resultados eleitorais apurados, o candidato da esquerda radical, Pedro Castillo, obteve 8.835.579 votos (50,1%), mais 44 mil que Fujimori, que conquistou o voto de 8.791.521 eleitores (49,8%).
No entanto, o Júri Nacional de Eleições (JNE) do Peru decidiu que só vai anunciar os resultados definitivos quando estiverem resolvidos todos os pedidos de impugnação apresentados após o escrutínio.
A filha do ex-Presidente Alberto Fujimori (1990-2000), que cumpre uma pena de 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra a humanidade, fez repetidas acusações de fraude contra o oponente e pediu a anulação de dezenas de milhares de votos.
No entanto, a missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) considerou que a eleição decorreu sem "irregularidades graves".
Keiko Fujimori, de 46 anos, candidatou-se às eleições apesar da investigação em curso. Libertada da prisão em maio de 2020, devido à pandemia da covid-19, está proibida de viajar para fora do Peru ou de comunicar com outros acusados ou testemunhas no caso.
Após 28 meses de investigação, o procurador Pérez acusou 41 pessoas no caso por alegados delitos de "crime organizado, branqueamento de capitais, obstrução da justiça e falsas declarações".
Em particular, o Ministério Público obteve em finais de 2019 uma confissão de um antigo executivo da Odebrecht Luiz Eduardo da Rocha Soares, que teria pago cerca de um milhão de dólares (quase 840 milhões de euros) para pagar a campanha do Fuerza Popular em 2011.