"A pandemia expôs as nossas fragilidades e necessidade de ação coletiva"

O secretário-geral das Nações Unidas foi reconduzido na semana passada para um segundo mandato.

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Sara Gouveia
24/06/2021 11:05 ‧ 24/06/2021 por Sara Gouveia

Mundo

ONU

António Guterres, reconduzido, na semana passada, para um segundo mandato à frente das Nações Unidas, discursou esta quinta-feira na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Bruxelas. O secretário-geral começou por dizer que "num contexto global de necessidades crescentes temos muitas pessoas em situação de fome e os orçamentos humanitários aumentaram. Agradeço-vos por trabalharem com as Nações Unidas junto das populações mais vulneráveis em mais de 170 países".

"A União Europeia é um dos nossos principais parceiros para atingir os objetivos para 2030", referiu Guterres, acrescentando que "agora perante uma crise sanitária sem precedentes no mundo, quero-vos elogiar pelas as decisões tomadas para combater a pandemia".

Quis ainda apresentar "as condolências mais profundas em relação às dezenas de milhar de vítimas da Covid-19, inclusivamente em Portugal".

"Caros membros do Parlamento, estamos numa encruzilhada e a situação pode ir numa direção ou na outra: uma crise perpétua ou conseguirmos uma nova via para um futuro mais limpo e seguro para todos. Vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para num sentido positivo", garantiu. "A pandemia expôs as nossas fragilidades, as nossas interligações e a necessidade de ação coletiva, o nosso maior desafio é utilizar esta crise como uma oportunidade para conseguir ter um mundo mais justo e ecológico", afiançou.

Para o secretário-geral, os objetivos principais do seu segundo mandado são "as preocupações globais, evitar os conflitos, alterações climáticas, bem como a pobreza e desigualdade".

"A pandemia está a causar mais mortes hoje do que há um ano e as vacinas são a única maneira de sairmos desta crise, têm de ser consideradas um bem público, acessível a todos. A igualdade em termos de vacinação não é só o maior teste moral dos nossos tempos, é também uma questão de eficácia", recordou, pois "à medida que o vírus tende a mutar, ninguém está seguro até estarmos todos vacinados. E, infelizmente, o mundo não se está a mostrar à altura da ocasião: enfrentamos o espetro de um mundo dividido, e de uma década perdida para o desenvolvimento".

Numa altura em que, para que 75% da população mundial seja vacinada, é necessário que não "apenas mil milhões, mas 11 mil milhões de vacinas" sejam disponibilizadas, Guterres relembrou também que "quase 90% dos países africanos estão prestes a falhar a meta que tinham para setembro", que consistia em terem 10% das respetivas populações vacinadas.

Sublinhou ainda que "como reiterou na reunião do G7", é preciso "um plano global de vacinação". "Os países que produzem vacinas e os que as consigam fazer se forem apoiados, têm de se unir numa task force de emergência, apoiada pela OMS e pelas instituições financeiras, para mobilizar as farmacêuticas".

"Temos de garantir que o mundo nunca mais enfrenta uma crise desta dimensão", alertou.

Perante os aplausos dos eurodeputados, Guterres frisou que, para conseguir fazê-lo, é necessário "explorar todas as opções" no que se refere à partilha de vacinas, elencando a "transferência de tecnologias", mas também "licenças voluntárias" e a "flexibilidade nos direitos de propriedade intelectual".

"Responder aos problemas na cadeia de abastecimento também é fundamental para aumentar rapidamente a produção em todo o mundo. Enquanto ator global, a UE deve usar a sua influência para ajudar neste esforço de assegurar um acesso justo e equitativo às vacinas para todos", exortou Guterres.

Reiterando o papel global da UE, o secretário-geral da ONU assinalou que o bloco "trouxe décadas de paz e de prosperidade" e serve de "inspiração para o mundo".

[Notícia atualizada às 11h17]

Leia Também: Guterres apela para que ajuda da ONU à Síria se prolongue

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