Médicos Sem Fronteiras encerram um dos seus hospitais no Haiti

A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou hoje o encerramento temporário do seu hospital de urgências em Martissant, na entrada sul de Port-au-Prince, após ter sido, sábado, alvo de um ataque armado.

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Lusa
28/06/2021 18:44 ‧ 28/06/2021 por Lusa

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O hospital, que permanecerá encerrado pelo menos uma semana, foi alvejado por homens armados na sequência de confrontos que acontecem frequentemente na zona entre dois grupos rivais desde o início de junho, conflito que já causou dezenas de mortos e feridos e milhares de deslocados.

"Enquanto as equipas dos MSF tratavam os pacientes, indivíduos armados dispararam vários tiros na direção do centro de urgência", refere a organização, num comunicado.

A diretora da missão dos MSF no Haiti, Alessandra Giudiceandrea, indicou que o ataque de sábado não provocou mortos ou feridos entre o pessoal hospitalar e utentes.

"No entanto, a organização médico-humanitária considera que não pode continuar a prestar cuidados de saúde pondo em risco a vida do seu pessoal", escreveu, na nota, a responsável dos MSF no Haiti.

Giudeceandrea adiantou que o pessoal e os pacientes que se encontravam na unidade hospitalar foram transportados para outras unidades de saúde.

Por outro lado, disse que reduziu as suas atividades e o seu pessoal em Martissant.

"O atentado de sábado é um acontecimento sem precedentes", acrescentou a responsável da organização não-governamental, que lamentou que o pessoal dos MSF esteja a correr risco de vida há várias semanas

No princípio deste mês, vários homens armados assaltaram dois motoristas de ambulância e outros automóveis provenientes se Martissant.

Martissant situa-se na "zona de guerra" entre os grupos armados Grand Ravine e Ti Bois, que lutam pelo controlo da área desde o início deste mês. 

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) estima que, desde o iníquo deste mês, cerca de 17.000 pessoas fugiram das respetivas residências em Port-au-Prince devido aos conflitos armados que estão a ocorrer em várias áreas, incluindo Martissant.

Sexta-feira passada, na região do Tigray, na Etiópia, onde decorre desde novembro um conflito entre o exército etíope e um movimento rebelde independentista, três colaboradores dos MSF foram encontrados mortos num ataque cujas circunstâncias estão ainda por esclarecer.

Nesse dia, os MSF anunciaram que três dos seus colaboradores tinham sido assassinados: a espanhola María H. (de 35 anos), coordenadora de emergência da organização; e os etíopes Yohannes Halefom Reda (de 31 anos), coordenador adjunto, e Tedros Gebremariam Gebremichael (também de 31 anos), condutor.

As vítimas viajavam de carro na tarde de quinta-feira para uma missão humanitária na cidade de Abi Adi - no centro da região de Tigray, -, quando a organização não-governamental perdeu contacto com a equipa.

No dia seguinte de manhã, o veículo em que viajavam foi encontrado vazio e os cadáveres dos três colaboradores a poucos metros de distância, disse a organização.

Sábado, o exército etíope acusou os rebeldes da Frente Popular de Libertação de Tigray (FPLT), partido que governou a região até novembro e que agora é considerado uma organização terrorista pelo Governo central, de ter sido responsável pelo crime, acusação entretanto rejeitada.

O acontecimento gerou várias reações internacionais de repúdio, com o secretário-geral da ONU, António Guterres, a afirmar sábado que o assassínio dos três trabalhadores humanitários dos MSF constituiu uma violação inaceitável do Direito Internacional.

"Estou profundamente chocado com o assassínio de três trabalhadores humanitários da Médicos Sem Fronteiras em Tigray, na Etiópia. Isto é totalmente inaceitável e uma violação chocante do Direito Internacional Humanitário", disse Guterres.

Guterres pediu também que os responsáveis pelo ataque "sejam encontrados e severamente punidos" e garantiu estar "solidário" com todos os trabalhadores humanitários "que arriscam as vidas para dar proteção e alívio às pessoas em Tigray".

No mesmo dia, a Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, manifestou pesar pelo assassínio, recordando que, acima de tudo, os trabalhadores humanitários e os defensores dos direitos humanos são civis que estão protegidos pelas regras do direito internacional e nunca devem ser visados.

Leia Também: Alta Comissária da ONU repudia assassinato de trabalhadores humanitários

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