Êxito da campanha de vacinação no Chile com primeiros sinais positivos

A campanha de vacinação chilena, que colocou o país no pódio das nações que mais velozmente combatem o vírus, começa a dar os primeiros sinais de alívio, apesar da ameaça de irrupção da variante Delta com dois casos.

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Lusa
02/07/2021 16:34 ‧ 02/07/2021 por Lusa

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Pandemia

 

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"Esperamos estar perante uma consolidação do efeito vacina e que comece a incidir numa queda significativa como a tendência indica. Já vemos uma queda no número de casos, apesar de estarmos em pleno inverno", explica à Lusa o infetologista Miguel O'Ryan, do Instituto Biomédico da Universidade do Chile e membro do Comité Assessor de Vacinas e Imunizações (CAVEI) do Ministério de Ciências e Tecnologia do Chile.

Nesta semana, a média no número de casos diminuiu em 40% comparativamente às duas semanas anteriores e a pressão de colapso do sistema de Saúde teve um leve respiro, apesar de ainda rondar os 94% de ocupação das Unidades de Cuidados Intensivos. Embora seja considerado um número de risco, é a taxa mais baixa desde fevereiro.

O país começou esta semana a vacinar os menores de 18 anos numa corrida contra a variante Delta que já registou dois casos. Mais de 70% das doses aplicadas foram com a vacina chinesa Sinovac cuja efetividade para as outras variantes no Chile é de 65%, segundo um estudo do Ministério da Saúde chileno.

A menor efetividade da vacina Sinovac, o surgimento de novas variantes ao longo dos últimos meses e um cansaço da população em relação à pandemia, associado a certo relaxamento nos cuidados entre aqueles que já foram vacinados, são os elementos que os especialistas usam para explicar por que razão o Chile convive numa aparente contradição entre uma campanha de vacinação exemplar e um número elevado de casos que forçam novos confinamentos.

"Acho que pode ter havido um erro inicial de comunicação sobre as expectativas com a campanha de vacinação. Nós, da comunidade científica, sabíamos que o desafio era conseguir que o país tivesse um aumento significativo da vacinação para atravessar o frio. Era uma corrida entre o aumento da vacinação e o aumento da circulação viral no inverno", explica O'Ryan, sublinhando que "sem vacina" o Chile teria registado "o dobro ou o triplo de casos, como aconteceu no outono-inverno da Europa".

O infetologista que assessora o Governo chileno explica que o número de casos durante a segunda vaga no Chile é semelhante ao da primeira enquanto nos países vizinhos, como Argentina, Colômbia e Brasil, onde a campanha de vacinação é mais lenta, a segunda vaga teve o dobro ou o triplo de casos.

"Na maioria dos países latino-americanos, a segunda vaga superou entre duas e três vezes a primeira. No Chile, o número de casos foi equivalente ao da primeira, sendo que agora testamos muito mais. Então, esse é o efeito da vacina que não se percebe", garante.

A explicação para uma queda veloz de casos no hemisfério Norte, mas lenta no Chile, passa, segundo Miguel O'Ryan, pelas estações do ano.

"Alguns aspetos do que aconteceu em Israel ou do que está a acontecer no hemisfério Norte em geral explicam-se porque a vacinação por lá aconteceu na primavera-verão enquanto nós enfrentamos outono-inverno. No hemisfério Norte, o vírus diminuiu até mesmo nos países que não vacinaram nem 30% da população. Foi simplesmente porque entram na primavera-verão", afirma.

Isso explicaria por que a vacinação no Chile num ritmo semelhante ao de Israel ou do Reino Unido só começa a dar os primeiros sinais de alívio seis meses depois de ter começado.

Com 19 milhões de habitantes, o Chile já vacinou com uma dose 83% e com duas doses 70,3% da sua população objetivo de 15,2 milhões, a partir do qual espera atingir a chamada 'imunidade de grupo'.

"É preciso ter em mente que a vacinação no Chile aconteceu no pico epidémico em crescimento do vírus. No hemisfério Norte, como em Israel, vacinaram com Pfizer que tem maior eficácia e maior efetividade contra a infeção", aponta O'Ryan.

O Chile também aplica as vacinas Pfizer, AstraZeneca e CanSino, mas a Sinovac foi a mais aplicada até agora.

"Era a vacina que estava disponível. Não tínhamos Pfizer para 15 milhões de chilenos, mas tínhamos uma chance com Sinovac. Esperamos agora que com as outras vacinas possamos cobrir toda a população para entrarmos em agosto e setembro com uma diminuição muito significativa de casos como vemos no hemisfério Norte", acredita o especialista chileno.

A incipiente queda desta semana coincide com uma flexibilização das restrições para a maioria da população, especialmente com o fim do terceiro confinamento na capital, Santiago.

Nas últimas 24 horas, foram 2.655 novos casos, longe dos 9.171 registados em 09 de abril passado. No total, são 1,560 milhão de contágios, dos quais 32.588 faleceram, sendo 43 nas últimas 24 horas.

 

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