A ONU denunciou, nos últimos dias, dificuldades em chegar às pessoas que estão a necessitar de assistência em Tigray, apesar de o Governo da Etiópia ter anunciado, na segunda-feira, um cessar-fogo unilateral, que pôs um ponto final na ofensiva militar que durava há oito meses.
Segundo dados divulgados na sexta-feira pelas Nações Unidas, cerca de 400 mil pessoas estão em situação de fome na região de Tigray, e outras 1,8 milhões em risco de passarem a estar.
António Guterres -- em Lisboa para participar no lançamento de dois livros, no Palácio das Necessidades -- fez uma curta declaração à imprensa, em português e inglês, para se mostrar "profundamente preocupado" com a situação em Tigray.
"É indispensável que haja um cessar-fogo autêntico, que abra caminho a um diálogo que possa permitir uma solução política para a crise", frisou.
"Há que reafirmar o princípio de que o acesso humanitário a todo o território tem de ser garantido sem qualquer obstáculo", realçou ainda.
"É inaceitável a destruição de infraestruturas civis", condenou.
Por outro lado, sublinhou, há que reconhecer que "a presença de forças estrangeiras é hoje um fator que agrava os riscos de confrontação".
Tigray é palco de combates desde o início de novembro de 2020, data em que o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército para desalojar a TPLF, partido eleito que então governava o estado do Norte da Etiópia, e que há vários meses desafiava a autoridade de Adis Abeba.
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