No estudo "A Tempestade Perfeita de África" do Instituto Tony Blair sobre o progresso da pandemia de covid-19 na África, os autores dizem que o final de junho marcou a sétima semana consecutiva de crescimento exponencial de casos em toda a África, que aumentaram quase 200% em junho.
Dos países que registaram um crescimento nas últimas duas semanas, Moçambique foi o pior, com um aumento de 172%, seguindo pelo Ruanda (138%), Maláui (110%), Nigéria (86%) por cento), Gana (51%) e África do Sul (38%).
A mortalidade também aumentou no mesmo período, com destaque para a Libéria (380%), Ruanda (217%), Quénia (202%) e Moçambique (186%).
A esta velocidade e dimensão, estimam, a terceira onda da pandemia covid-19 em África será pior do que a anterior registada em janeiro, arriscando sobrecarregar os sistemas de saúde.
"Há agora uma necessidade absolutamente urgente e vital para o mundo aumentar o fornecimento de vacinas para a África. Sabemos todas as razões pelas quais as vacinas prometidas não foram entregues. Mas quanto mais tempo esta situação inaceitável persistir, não apenas África mas todo o mundo estará em risco", vinca Blair no prefácio ao estudo publicado hoje.
Além da necessidade de aumentar a importação de vacinas, incluindo fora do programa Covax da Organização Mundial de Saúde, Blair disse que os governos africanos precisam de reforçar campanhas para incentivar as populações a aceitar a imunização.
"As campanhas dos governos de África para informar as suas populações sobre as vacinas devem ser acompanhadas por maior clareza e coordenação dos países ricos em vacinas, cujas mensagens confusas sobre os riscos das vacinas aprovadas e a falta de respostas regulatórias concertadas atearam as chamas da hesitação em todo o mundo", enfatiza.
No estudo, os autores fazem uma série de recomendações para os governos africanos tomarem em resposta ao aumento de casos, aumento da mortalidade e falta de vacinas, incluindo a realização de testes em grande escala, implementação de medidas de saúde pública e aumento da produção local de equipamentos médicos.
Mais de 36.000 casos diários foram registados nos últimos sete dias, um recorde no continente desde o início da pandemia, de acordo com uma contagem da AFP a partir de relatórios oficiais.
Entre os países com mais de 1.000 infeções diárias, os principais aumentos foram observados no Zimbabué, Tunísia e África do Sul, onde se concentram mais da metade dos novos casos detetados no continente.
África registou 146.441 mortos devido à covid-19, totalizando 5.669.873 casos desde o início da pandemia, segundo dados emitidos esta segunda-feira pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).
Segundo a organização regional, África soma também 4.924.099 recuperações desde o primeiro caso registado no continente, no Egito, em 14 de fevereiro de 2020.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 3.980.935 mortos em todo o mundo, resultantes de mais de 183,7 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente feito pela agência France Presse.
Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.117 pessoas e foram registados 890.571 casos de infeção, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, a Índia ou a África do Sul.
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