A ONU alerta regularmente para uma deterioração da segurança em Al-Hol, no nordeste da Síria. O campo registou nos últimos meses dezenas de assassínios, evasões e ataques contra guardas e trabalhadores humanitários.
"As células terroristas do Daesh (acrónimo em árabe para Estado Islâmico) continuam a sua ação no campo de Al-Hol com mais assassínios contra os residentes que se afastam das ideias extremistas da organização", afirmam hoje num relatório mensal as Forças Democráticas Sírias (FDS), coligação militar curdo-árabe que controla o campo.
Segundo o relatório, "oito pessoas de nacionalidade síria e iraquiana foram mortas com uma bala na cabeça" apenas no mês de junho.
Entre as vítimas encontram-se um adolescente iraquiano de 16 anos e duas irmãs sírias, uma das quais de 17 anos. Uma mulher russa foi ferida.
As forças curdas asseguram igualmente ter impedido em junho 42 adultos e 43 crianças de fugirem do campo, com condições de vida insalubres.
As autoridades locais lançaram em março uma vasta operação que levou a detenção de 125 "membros" do EI no campo, quando tinham registado "mais de 47 mortes" desde o início de 2021 em Al-Hol.
O campo de Al-Hol tornou-se uma verdadeira cidade de tendas que abrigam perto de 62.000 pessoas, das quais 93% são mulheres e crianças, metade do Iraque. Também lá vivem cerca de 10.000 mulheres e crianças estrangeiras, familiares de combatentes 'jihadistas', numa zona separada.
No início de julho Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) alertou: "centenas de crianças, principalmente rapazes, alguns com apenas 12 anos" são "separados das suas famílias e transferidos para centros de detenção de adultos".
As autoridades curdas, que reconhecem as detenções de menos, já pediram ajuda para criar centros de reabilitação, temendo "o aparecimento de uma nova geração de terroristas" entre as crianças.
Apesar das repetidas exortações dos curdos, a maioria dos países -- nomeadamente europeus -- recusa repatriar os seus cidadãos.
A comissária para os Direitos Humanos do Conselho de Europa, Dunja Mijatovic, apelou no passado dia 2 aos países membros da organização para "repatriarem os seus cidadãos detidos" em campos do nordeste da Síria em condições contrárias ao direito humanitário europeu, chamando sobretudo a atenção para o caso das crianças.
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