"Estamos desde já preparados para o caso de ser necessário, tanto a nível europeu como de uma estratégia" comum para compra e distribuição de vacinas, declarou a comissária durante uma conferência de imprensa em Madrid, ao lado da ministra espanhola da Saúde, Carolina Darias.
"Trabalhamos continuamente, mas a decisão sobre o assunto virá da ciência", explicou Stella Kyriakides.
A sua equipa "trabalha constantemente com a Agência Europeia dos Medicamentos (EMA) e o Centro Europeu de Prevenção de Doenças (ECDC) para adotar uma posição nas próximas semanas ou nos próximos meses", acrescentou.
Apesar do avanço da campanha de vacinação na UE (65% dos cidadãos receberam a primeira dose e 47% as duas), a comissária cipriota avisou: A Europa está "numa situação muito frágil, devido ao aumento de casos constatado em muitos Estados-membros, na sequência da variante Delta".
"O momento não é de relaxar", insistiu.
Na quinta-feira, os laboratórios Pfizer e BioNTech anunciaram que irão submeter "resultados encorajadores para uma terceira dose da vacina atual" às autoridades reguladoras dos Estados Unidos e da Europa.
As duas empresas consideraram que uma terceira dose poderá reforçar os níveis de anticorpos contra o vírus e igualmente contra a variante Delta, altamente contagiosa.
A norte-americana The Hill publicou um artigo lembrando que alguns cientistas advertiram que os fabricantes de vacinas encontram incentivos financeiros para desenvolver fármacos de reforço e para que o governo invista em mais doses. E que os responsáveis da Saúde dos Estados Unidos especificaram que não está clara que seja necessária uma vacina de reforço.
Anthony Fauci, o principal perito em doenças infecciosas do governo dos EUA, reiterou na quinta-feira que duas injeções das vacinas Pfizer e Moderna protegem inclusive contra a variante Delta.
No entanto, a Pfizer apontou dados sobre os resultados obtidos com a vacina em Israel.
"Como se vê nos dados do mundo real publicados pelo Ministério da Saúde de Israel, a eficácia da vacina para prevenir infeções e doenças sintomáticas diminuiu, seis meses depois da vacinação, apesar de a eficácia para prevenir doenças graves continuar a ser elevada", precisou a Pfizer.
"Com base nos dados que (Israel) tem até agora, a Pfizer e a BioNTech acreditam que uma terceira dose pode ser benéfica dentro dos seis a 12 meses posteriores à segunda dose para manter os níveis de proteção mais elevados", disseram as empresas, sócias na produção desta vacina.
A Pfizer também indicou que está a preparar-se para começar em agosto os ensaios clínicos de uma vacina modificada, dirigida especificamente para a variante Delta, caso seja necessária.
Ainda assim, a empresa precisou, ao mesmo tempo, que uma terceira dose da vacina original poderia ser a melhor opção.
Após o anúncio da Pfizer, a FDA e os Centros para a Prevenção e Controlo de Doenças emitiram uma declaração conjunta minimizando a necessidade de uma dose de reforço.
"Os norte-americanos que foram completamente vacinados não precisam de uma vacina de reforço neste momento", disseram as agências, acrescentando que estão envolvidas num "processo rigoroso, baseado na ciência, para determinar se será necessária uma" nova dose.
As agências enfatizaram novamente que os regimes de vacinas atuais são eficazes. "As pessoas que estão completamente vacinadas estão protegidas de doenças graves e da morte, incluindo das variantes que circulam atualmente no país, como a Delta", sublinharam as agências.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 4.013.756 mortes em todo o mundo, resultantes de mais de 185,5 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente feito pela agência France-Presse.
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