Moçambique. Nyusi em Mueda para anunciar reforços do Ruanda e SADC

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou hoje às tropas em Cabo Delgado a chegada ao país de reforços do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para combater os grupos armados naquela região.

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Lusa
09/07/2021 22:03 ‧ 09/07/2021 por Lusa

Mundo

Moçambique

"Pedimos apoio aos nossos amigos do Ruanda: eles começaram hoje, já estão aqui, já estão a chegar", referiu no quartel-general de Mueda, base principal das Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas no interior de Cabo Delgado.

Por outro lado, forças destacadas pela SADC vão chegar a partir da próxima semana.

"Já escreveram a carta para as Nações Unidas para dizer que a partir de dia 15 vão ajudar Moçambique", referiu.

"Vão trabalhar connosco, não são eles que mandam", clarificou, apontando para os dirigentes das FDS: "vão se organizar e trabalhar com estes comandantes".

O combate aos grupos rebeldes vai ser organizado pelos chefes moçambicanos: "Os nossos comandantes vão dividir áreas para não irem todos para o mesmo sítio".

"A defesa do país depende de nós", frisou, referindo que as forças moçambicanas têm de "organizar" para "esta doença [terrorismo] não vir mais".

"O amigo vem, ajuda, mas quando vai, eu tenho de ficar seguro", acrescentou.

Filipe Nyusi referiu-se ainda a apoios europeus, de portugueses que "estão a treinar jovens em Maputo" e de franceses: "Eles não vêm para aqui, mas estão a treinar, a apoiar".

Assinalou ainda a presença de "amigos do Zimbabué" que "também estão a treinar" equipas das FDS.

Neste âmbito, a embaixada dos EUA em Moçambique também tem dado conta de treinos dados por forças norte-americanas.

Segundo referiu o chefe de Estado na parada do quartel de Mueda, os apoios são sinal de que o mundo "está solidário" com Moçambique, porque o problema que afeta Cabo Delgado é o mesmo terrorismo que assola outras partes do mundo, incluindo a Europa e a América.

Na sua intervenção recusou as teses de que a violência armada em Cabo Delgado seja motivada por conflitos entre etnias locais ou atritos entre religiões, porque essa convivência sempre existiu e nunca originou confrontos, disse.

Recusou também a ideia de que a guerra seja motivada por pobreza: "grande mentira", referiu, assinalando que essa mesma pobreza existe noutros locais da província onde não há violência.

"É o [mesmo] terrorismo que afeta outros países", causado por forças externas que atacam o distrito de Palma "porque tem riqueza e empresas grandes", numa alusão ao projeto de extração de gás natural, maior investimento em África (da ordem de 20 mil milhões de euros) suspenso em abril devido à insegurança.

Por um lado, os promotores do terrorismo querem "controlar aquela riqueza" e, por outro, querem "passar droga", armas, madeira, caçar animais e açambarcar outros recursos a coberto da guerra, referiu, em linha com diversos relatórios que colocam o norte de Moçambique como ponto de passagem de tráficos de diversas redes criminosas internacionais.

"Esses é que estão a perturbar" a região, "para passarem livremente", disse Nyusi.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico.

Estima-se que o conflito já tenha provocado mais de 2.800 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 732.000 deslocados, de acordo com a ONU.

Leia Também: Mais oito mortes e 1.327 novos casos em Moçambique

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