Myanmar: Junta militar justifica morte de detidos com a covid-19

A junta militar de Myanmar (antiga Birmânia) está a culpar a pandemia de covid-19 por várias mortes de detidos, denunciaram aos 'media' locais pessoas próximas das vítimas.

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Lusa
16/07/2021 05:56 ‧ 16/07/2021 por Lusa

Mundo

Golpe

 

O 'site' de notícias Myanmar Now revelou que muitos corpos de pessoas detidas acabaram mesmo por ser escondidos das famílias e cremados antes de serem examinados, sob o pretexto, segundo os militares responsáveis pelo golpe de Estado de 01 de fevereiro, de que estavam infetados com o novo coronavírus.

O birmanês Soe San, da região central de Mandalay, entregou-se às autoridades alegando estar envolvido em protestos contra o golpe e, um dia mais tarde, os seus restos mortais foram entregues aos familiares cobertos de plástico, prática padrão para um doente infetado com covid-19, para um funeral limitado a dez participantes e com a proibição de fotografias.

"Penso que eles foram longe demais durante o interrogatório e acabou por morrer", disse ao jornal um residente da aldeia onde a vítima vivia.

Além disso, segundo o vizinho, o rito funerário foi realizado sob o olhar atento de 30 membros das forças de segurança.

De acordo com a notócia do Myanmar Now, o caso de Soe San repetiu-se em diversas ocasiões, como na detenção de Mai Nuam Za Thiang, de 19 anos de idade, depois de ter sido baleada enquanto conduzia como passageira numa mota na região de Sagaing do norte.

A jovem esvaiu-se em sangue e morreu após chegar ao hospital, de acordo com o relatório forense, mas os militares devolveram o corpo embrulhado em plástico, alegando que estava infetada com covid-19, e forçaram os familiares a cremar imediatamente o seu corpo.

"Penso que queriam esconder algo, por isso usaram essa etiqueta [covid-19]. Só pudemos ver o relatório e o seu rosto, por isso fomos forçados a aceitar o que disseram", disse um parente da vítima aos meios de comunicação social.

Pelo menos 912 pessoas perderam a vida devido à repressão das forças de segurança, que mataram manifestantes pacíficos a tiro em várias ocasiões, segundo a Associação para a Assistência aos Prisioneiros Políticos.

O exército birmanês justifica o golpe com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de vovembro, em que o partido liderado da vencedora do Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi obteve uma grande vitória, como em 2015, e cujos resultados foram considerados legítimos pelos observadores internacionais.

Leia Também: Covid-19: Nova vaga exige resposta internacional de emergência em Myanmar

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