De acordo com aquele meio de comunicação, que citou fonte próxima do Exército, os soldados dispararam contra os detidos na prisão de Insein, em Rangum, causando a morte de cinco mulheres e 15 homens.
Os militares também teriam detido parte do pessoal da prisão, que se juntou aos protestos no centro penitenciário, onde estão detidos dezenas de presos políticos.
A junta militar, que governa o país desde o golpe de Estado de 01 de fevereiro, suspendeu recentemente as visitas aos estabelecimentos prisionais, devido ao forte aumento das infeções, com o país a registar a pior vaga de covid-19, em número de infetados e mortos, desde o início da pandemia.
Na sexta-feira, os reclusos de Insein iniciaram um protesto contra as restrições da pandemia, aproveitando para se manifestar contra a junta militar.
Várias embaixadas, como a dos EUA e da União Europeia, apelaram às autoridades para resolverem a situação "de forma pacífica e respeitando os direitos básicos e sanitários nessa e nas outras prisões do país".
A repressão das forças de segurança, que disparou a matar contra manifestantes pacíficos, provocando a morte de pelo menos 931 pessoas, soma-se assim ao aumento descontrolado da nova vaga de covid-19 em Myanmar, associado à variante Delta, com origem na Índia.
As autoridades sanitárias registaram no sábado 5.657 novos casos de covid-19 e 297 mortes, elevando para 264.527 o total de infetados desde o início da pandemia e acumulando 6.756 mortes.
No entanto, de acordo com um grupo de médicos, os dados oficiais não refletem a realidade do país, atualmente com uma capacidade diária para realizar entre 12.000 e 15.000 testes para detetar o vírus entre os seus cerca de 55 milhões de habitantes, a que se soma o colapso dos hospitais, a falta de oxigénio e a desconfiança em relação ao regime militar.
Na terça-feira morreu o político Nyan Win, de 78 anos, antigo advogado da líder da oposição Aung San Suu Kyi e importante figura do partido Liga Nacional para a Democracia, depois de ter contraído o vírus na prisão de Insein.
No sábado, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICR) expressou "preocupação" com o aumento do número de infetados por covid-19 em Myanmar e com os surtos nas prisões do país, nomeadamente na prisão de Insein.
Os representantes do CICR estão a dialogar com as autoridades "para retomar as visitas puramente humanitárias e as atividades nos lugares de detenção, incluindo Insein".
Leia Também: Cruz Vermelha preocupada com aumento de infetados nas prisões de Myanmar