Durante as consultas parlamentares lideradas por Aoun, Mikati recebeu o apoio de 72 deputados e 42 abstiveram-se, lançando as bases para a formação de um novo Governo.
Em 15 de julho, o ex-primeiro-ministro Saad Hariri reconheceu a incapacidade de encontrar uma solução política, nove meses após a sua nomeação, e, antes dele, Moustapha Adib, nomeado após a explosão no porto de Beirute, em agosto de 2020, também não conseguiu formar Governo.
Agora, Hariri e o seu grupo parlamentar aprovaram a nomeação de Mikati, que também recebeu o apoio do movimento xiita armado Hezbollah, um aliado de Aoun e uma importante força política no país.
Para já, tem sido o Governo de Hassan Diab que tem gerido o dia-a-dia governamental, desde a sua renúncia em agosto de 2020, após a explosão no porto de Beirute que provocou mais de 200 mortos e demoliu vários bairros da capital.
Desde então, o impasse político tem-se arrastado, impedindo a formação de um Governo que seja capaz de realizar reformas capazes de desbloquear uma ajuda externa para o Líbano, que se encontra perante uma grave crise económica.
O colapso económico do Líbano já fez a libra libanesa perder mais de 90% do seu valor em relação ao dólar, desde o final de 2019.
Najib Mikati já presidiu a dois governos, em 2005 e 2011, e deve agora propor uma lista de ministros que seja do agrade das mais influentes figuras políticas, num regime acusado de corrupção e de incompetência por grande parte da população.
Mikati prometeu formar um novo Governo dentro de um mês, de acordo com os 'media' locais, mas vários analistas consideram que o processo pode demorar vários meses
Najib Mikati -- que tem uma fortuna estimada em cerca de 2.000 milhões de euros, de acordo com a revista Forbes - é visto como um dos símbolos de uma classe política acusada de nepotismo e de ter sobrevivido a protestos populares sem precedentes, no final de 2019.
Contudo, neste momento, Mikati é suspeito de enriquecimento ilícito e tem um índice de popularidade baixo, mesmo na sua cidade natal, Trípoli.
Na noite de domingo, dezenas de pessoas protestaram no exterior da sua residência em Beirute, acusando-o de corrupção e nepotismo, mas os líderes de várias forças partidárias olham para ele como um candidato consensual, capaz de encontrar uma solução política que desbloqueie uma ajuda externa considerada vital.
A comunidade internacional, liderada pela França - uma antiga potência colonial - prometeu ajudar a reunir milhares de milhões de euros em ajuda, que fica condicionada ao estabelecimento de um Governo capaz de combater a corrupção.
A França já anunciou uma nova conferência para tentar uma ajuda externa no Líbano, marcada para 04 de agosto, coincidindo com o primeiro aniversário da explosão no porto de Beirute.