O ministério público de Koblenz "está a estudar a abertura de um inquérito preliminar com base em suspeitas de homicídios e de ferimentos involuntários", segundo um comunicado desta procuradoria com competência na região da Renânia-Palatinado, a mais afetada pelas inundações.
Os procuradores do ministério público vão debruçar-se sobre a pertinência de iniciar tais processos em ligação "com alertas ou retiradas eventualmente negligentes ou tardias" dos habitantes do vale do Ahr, uma região cujos municípios foram devastados pelas cheias.
Com base nesta auditoria, que incluirá "os numerosos artigos de imprensa, as conclusões dos inquéritos em curso sobre as mortes, bem como os relatórios de polícia da noite da catástrofe", o ministério público determinará "se originam uma primeira suspeita de infrações criminais".
Seguiu-se uma polémica à catástrofe de 14 e 15 de julho, sobre a antecipação dos acontecimentos meteorológicos pelas autoridades, o funcionamento do sistema de alertas e as medidas de evacuação.
As inundações fizeram pelo menos 186 mortos na Alemanha, 138 dos quais só na região da Renânia-Palatinado, onde 26 pessoas são ainda procuradas, segundo um novo balanço hoje divulgado.
As cheias atingiram igualmente a Bélgica, onde 38 pessoas morreram. Também neste país, um juiz de instrução está a investigar eventuais responsabilidades criminais, relacionadas com uma falha na precaução e nos alertas.
Na sua edição do fim de semana, o jornal Frankurter Allgemeine Zeitung afirmou que o distrito de Ahrweiler, a oeste de Bona, não tinha reagido de imediato aos alertas da Agência Regional para o Ambiente.
De acordo com o jornal, aquela autoridade informou, na tarde de 14 de julho, as autoridades locais de um elevado risco de cheias, agravando ainda mais a sua previsão ao fim da tarde.
O distrito declarou o estado de calamidade pelas 23 horas, ordenando uma evacuação parcial, quando o nível das águas tinha já subido e invadido aldeias e habitações.
As autoridades distritais rejeitam tais acusações.
"Por enquanto, ninguém no Governo federal, da região ou do distrito pode responder seriamente a questões sobre responsabilidade", disse no fim de semana passado o vereador Jürgen Pföhler.
Considerando necessário analisar "muito cuidadosamente" a cadeia de eventos, Pföhler afirmou que "nenhum dos sistemas de alerta e de alarme existentes estava tecnicamente preparado para este tsunami sem precedentes".
Questionada sobre possíveis falhas, a chanceler alemã, Angela Merkel, observou que a catástrofe "ultrapassou a imaginação" e defendeu o sistema de alertas, organizado de forma descentralizada.
A Alemanha quer, contudo, retirar lições desta tragédia e está a estudar vários caminhos para melhorar o seu sistema de alerta de desastres, entre os quais a criação de notificações para telemóveis.
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