Residentes locais e turistas abandonaram estâncias de veraneio a bordo de embarcações ou em colunas de carros e camiões. Muitos habitantes das zonas rurais perderam as suas casas e animais, enquanto aumentam os problemas respiratórios devido ao intenso fumo que atinge uma vasta região.
No total, e apenas na província de Mugla, cerca de 10.000 pessoas já foram evacuadas, indicou hoje o ministro do Interior, Suleiman Soylu.
O ministro da Agricultura e Florestas, Bekir Pakdemirli, disse no Twitter que as equipas de bombeiros ainda combatem nove incêndios nas províncias costeiras de Antália e Migla, zonas turísticas muito frequentadas nesta época. Outros fogos continuavam ativos nas províncias de Isparta, Denizli, Izmir e Adana.
Um outro incêndio em Tunceli, sudeste da Turquia, foi hoje contido, referiu previamente o ministro. No total, 137 incêndios que deflagraram em cerca de 30 províncias desde quarta-feira já foram extintos.
"Estamos a atuar com temperaturas que ultrapassam os 40 graus, ventos são fortes e uma humidade extremamente baixa", acrescentou Pakdemirli. "Estamos a lutar sob estas condições muito difíceis".
No domingo, residentes foram forçados e abandonar a povoação de Cokertme, devido à aproximação das chamas. Alguns seguiram em pequenas embarcações, outros em viaturas, enquanto eram adotadas medidas de precaução para proteger duas centrais de energia térmica.
Uma ordem de evacuação também foi emitida para a cidade de Turunc, perto da estância balnear de Marmaris, província de Mugla. Pessoas transportando as suas bagagens retiraram-se em pequenos barcos.
O ministro do Turismo, Nuri Ersoy, admitiu que alguns turistas poderão regressar aos seus hotéis após a dissipação da ameaça.
A União Europeia (UE) indicou ter contribuído para a mobilização de aviões cisterna da Croácia e Espanha para ajudar no combate às chamas, que no último caso também enviou uma equipa de 27 soldados. A Ucrânia, Rússia, Azerbaijão e Irão também contribuíram com meios aéreos.
O anúncio da UE seguiu-se às alegações que o Governo turco estava a comprometer os esforços de combate aos incêndios ao recusar ajuda dos países ocidentais. Pakdemirli desmentiu ao esclarecer que o Governo apenas rejeitou aviões com uma capacidade de armazenamento de água inferior a cinco toneladas. Disse ainda que um total de 16 aviões, 51 helicópteros e mais de 5.000 operacionais estão envolvidos nas operações de ataque às chamas.
O Governo do Presidente Recep Tayyip Erdogan também tem sido muito criticado por não ter optado pela aquisição de novos aviões de combate aos incêndios.
Em Marmaris, o presidente da câmara local, Mehmet Oktay, disse que os fogos ainda estavam ativos em duas regiões e calculou que mais 11.000 hectares de floresta ficaram calcinados. Hoje, as chamas atingiram os arredores da localidade de Hisaronu, destruindo várias casas, e com a polícia e ordenar a retirada das equipas de ambulâncias e dos jornalistas.
O ministro do Interior revelou que as autoridades estão a investigar a origem dos incêndios, incluindo "negligência" humana e possível sabotagem dos ilegalizados militantes curdos. Uma pessoa foi detida sob a alegação de ter sido paga por membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, a guerrilha curda) para iniciar um incêndio.
No entanto, os peritos consideram as alterações climáticas como a principal causa dos fogos, para além de acidentes provocados por pessoas. Erdogan admitiu que um dos incêndios foi iniciado por crianças.
Uma vaga de calor no sul da Europa, provocada por uma massa de ar quente proveniente do norte de África, contribuiu para um alerta de numerosos incêndios ao longo do Mediterrâneo, incluindo na Itália e Grécia, e que implicou a retirada de populações e turistas por mar para escaparem às chamas.
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