Os ministros dos Negócios Estrangeiros da organização, que reúne 10 países do sudoeste asiático, saudaram hoje, numa declaração conjunta, a nomeação do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Brunei, Erywan Yusof, como emissário.
Myanmar, membro da ASEAN, vive em caos político desde que a junta militar derrubou o Governo de Aung San Suu Kiy em fevereiro, acusando-o de fraude nas eleições de 2020.
Mais de 900 pessoas morreram numa repressão sangrenta liderada pela junta para 'abafar' qualquer manifestação, segundo uma organização não-governamental local de monitorização.
A ASEAN, que funciona na base do consenso e da não ingerência entre os seus Estados-membros, limitando assim o seu campo de ação, enfrenta pressões internacionais para resolver a crise.
O líder da junta, Min Aung Hlaing, compareceu numa cimeira da ASEAN em abril, que resultou num "consenso" de cinco pontos pedindo o fim imediato da violência e que incluiu a nomeação de um enviado regional para Myanmar.
Porém, essa nomeação demorou meses a ser confirmada.
Um comunicado conjunto da ASEAN divulgado hoje refere que o emissário deve "restaurar a confiança" e ter "pleno acesso a todas as partes interessadas", incluindo à oposição birmanesa.
Erywan Yusof já fez uma viagem ao país ao serviço da ASEAN em 04 de junho, durante a qual conheceu Min Aung Hlaing.
Esta nomeação deve permitir que a ASEAN comece a enviar ajuda humanitária para Myanmar para permitir que as autoridades lidem da melhor forma com a pandemia de covid-19.
Na semana passada, Londres alertou que metade da população birmanesa pode ser infetada em duas semanas, enquanto as Nações Unidas estimam que apenas 40% das infraestruturas de saúde estão a funcionar bem.
O líder da junta militar prometeu realizar eleições e suspender o estado de emergência até agosto de 2023.
Em 26 de julho, a junta anulou os resultados das eleições parlamentares de novembro de 2020, ganhas pela Liga Nacional para a Democracia (LND) da prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, alegando que mais de 11 milhões de casos de fraude tinham sido detetados, acusação que o partido negou.
Aung San Suu Kyi, de 76 anos, continua sob prisão domiciliária e foi acusada de vários delitos, incluindo corrupção e sedição, incorrendo em pesadas penas de prisão.
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