De acordo com o Ministério francês da Administração Interna, esta foi até agora a maior mobilização contra a imposição dos certificados de saúde Covid-19, aprovados na quinta-feira pelo Tribunal Constitucional do país e que entrarão em vigor na segunda-feira.
Às 19:00 locais (18:00 em Portugal continental), as autoridades francesas registavam 198 intervenções, 35 detenções e sete ferimentos ligeiros entre agentes das forças de segurança.
De acordo com o Governo francês, 204.000 pessoas saíram à rua em protestos no passado dia 31 de julho.
A partir de segunda-feira, o certificado será necessário em França para entrar em cafés, restaurantes, fazer viagens de longa distância e, em alguns casos, aceder a hospitais.
A obrigatoriedade da apresentação do certificado estava já em vigor para o acesso a locais culturais e recreativos, incluindo cinemas, salas de concertos e parques temáticos com capacidade para mais de 50 pessoas.
Uma multidão pacífica de manifestantes atravessou Paris, acompanhada por polícia antimotim equipada a rigor, exibindo bandeiras em que se que liam frases como "As nossas liberdades estão a morrer" e "Vacina: Não toquem nos nossos filhos".
Dezenas de manifestações foram organizados em outras cidades francesas, incluindo Marselha, Nice e Lille.
Alguns manifestantes protestaram também contra o facto de o Governo francês ter tornado as vacinas contra a covid-19 obrigatórias para os trabalhadores do setor da saúde até 15 de Setembro.
A generalidade dos protestos centrou-se na limitação ao movimento dos cidadãos imposta pela obrigatoriedade dos certificados e da vacinação.
Sondagens indicam, no entanto, que a maioria das pessoas em França apoia os certificados de saúde, que atestam que as pessoas estão vacinadas, apresentaram um teste recente negativo ou recuperaram da Covid-19.
Muriel, 55 anos, uma parisiense que se recusou a revelar o seu apelido, disse à agência Associated Press (AP) que protesta especialmente "contra a vacinação obrigatória disfarçada".
"É um golpe inacreditável contra as nossas liberdades fundamentais e por isso não estou de acordo", afirmou.
Ghislain, 58 anos, que também não deu o seu apelido, chamou a atenção para as greves de trabalhadores hospitalares e bombeiros, esperadas já a partir de segunda-feira, e para o movimento de boicote esperado aos restaurantes.
Um protesto separado organizado pelo político de extrema-direita Florian Philippot reuniu milhares de pessoas junto ao Ministério da Saúde no centro de Paris, onde muitos manifestantes exibiram bandeiras francesas e apelaram para a demissão do Presidente francês, Emmanuel Macron.
Na ilha da Reunião, um território francês no oceano Índico que se encontra sob confinamento parcial devido a um surto de Covid-19, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra a campanha de certificação obrigatória.
França regista diariamente mais de 21.000 novos casos confirmados de infeção pelo vírus SARS-CoV-2, numa tendência de subida pronunciada desde há um mês, e mais de 112.000 pessoas já morreram por razões associadas à Covid-19. Cerca de 66% da população francesa recebeu pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19.
Mais de 36 milhões de pessoas em França - cerca de 54% da população - estão totalmente vacinadas. Pelo menos sete milhões de pessoas já receberam a primeira dose da vacina depois da imposição do certificado Covid-19, anunciado por Macron em 12 de julho.
Um número crescente de países europeus começou a impor a apresentação do certificado de saúde Covid-19, cada um com regras ligeiramente diferentes.
O "passe verde" em Itália entrou em vigor na sexta-feira. A Dinamarca foi pioneira nos certificados de vacina, que enfrentaram fraca resistência por parte da população. Na Áustria, o certificado é necessário para entrar em restaurantes, teatros, hotéis, instalações desportivas e cabeleireiros.
Em contrapartida, na Alemanha, protestos em Berlim contra o certificado no passado fim de semana provocaram violentos confrontos com a polícia.
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