Protestos contra o certificado juntam 237 mil em cidades francesas

Cerca de 237.000 pessoas, segundo estimativas oficiais, marcharam hoje em várias cidades francesas pelo quarto fim de semana consecutivo contra os certificados de saúde Covid-19, que vão ser obrigatórios em França para aceder a cafés, comboios e outros locais.

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© Roger Anis/Getty Images

Lusa
07/08/2021 20:02 ‧ 07/08/2021 por Lusa

Mundo

Covid-19

De acordo com o Ministério francês da Administração Interna, esta foi até agora a maior mobilização contra a imposição dos certificados de saúde Covid-19, aprovados na quinta-feira pelo Tribunal Constitucional do país e que entrarão em vigor na segunda-feira.

Às 19:00 locais (18:00 em Portugal continental), as autoridades francesas registavam 198 intervenções, 35 detenções e sete ferimentos ligeiros entre agentes das forças de segurança.

De acordo com o Governo francês, 204.000 pessoas saíram à rua em protestos no passado dia 31 de julho.

A partir de segunda-feira, o certificado será necessário em França para entrar em cafés, restaurantes, fazer viagens de longa distância e, em alguns casos, aceder a hospitais.

A obrigatoriedade da apresentação do certificado estava já em vigor para o acesso a locais culturais e recreativos, incluindo cinemas, salas de concertos e parques temáticos com capacidade para mais de 50 pessoas.

Uma multidão pacífica de manifestantes atravessou Paris, acompanhada por polícia antimotim equipada a rigor, exibindo bandeiras em que se que liam frases como "As nossas liberdades estão a morrer" e "Vacina: Não toquem nos nossos filhos".

Dezenas de manifestações foram organizados em outras cidades francesas, incluindo Marselha, Nice e Lille.

Alguns manifestantes protestaram também contra o facto de o Governo francês ter tornado as vacinas contra a covid-19 obrigatórias para os trabalhadores do setor da saúde até 15 de Setembro.

A generalidade dos protestos centrou-se na limitação ao movimento dos cidadãos imposta pela obrigatoriedade dos certificados e da vacinação.

Sondagens indicam, no entanto, que a maioria das pessoas em França apoia os certificados de saúde, que atestam que as pessoas estão vacinadas, apresentaram um teste recente negativo ou recuperaram da Covid-19.

Muriel, 55 anos, uma parisiense que se recusou a revelar o seu apelido, disse à agência Associated Press (AP) que protesta especialmente "contra a vacinação obrigatória disfarçada".

"É um golpe inacreditável contra as nossas liberdades fundamentais e por isso não estou de acordo", afirmou.

Ghislain, 58 anos, que também não deu o seu apelido, chamou a atenção para as greves de trabalhadores hospitalares e bombeiros, esperadas já a partir de segunda-feira, e para o movimento de boicote esperado aos restaurantes.

Um protesto separado organizado pelo político de extrema-direita Florian Philippot reuniu milhares de pessoas junto ao Ministério da Saúde no centro de Paris, onde muitos manifestantes exibiram bandeiras francesas e apelaram para a demissão do Presidente francês, Emmanuel Macron.

Na ilha da Reunião, um território francês no oceano Índico que se encontra sob confinamento parcial devido a um surto de Covid-19, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra a campanha de certificação obrigatória.

França regista diariamente mais de 21.000 novos casos confirmados de infeção pelo vírus SARS-CoV-2, numa tendência de subida pronunciada desde há um mês, e mais de 112.000 pessoas já morreram por razões associadas à Covid-19. Cerca de 66% da população francesa recebeu pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19.

Mais de 36 milhões de pessoas em França - cerca de 54% da população - estão totalmente vacinadas. Pelo menos sete milhões de pessoas já receberam a primeira dose da vacina depois da imposição do certificado Covid-19, anunciado por Macron em 12 de julho.

Um número crescente de países europeus começou a impor a apresentação do certificado de saúde Covid-19, cada um com regras ligeiramente diferentes.

O "passe verde" em Itália entrou em vigor na sexta-feira. A Dinamarca foi pioneira nos certificados de vacina, que enfrentaram fraca resistência por parte da população. Na Áustria, o certificado é necessário para entrar em restaurantes, teatros, hotéis, instalações desportivas e cabeleireiros.

Em contrapartida, na Alemanha, protestos em Berlim contra o certificado no passado fim de semana provocaram violentos confrontos com a polícia.

Leia Também: França. Protestos contra o certificado de saúde entram na quarta semana

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