"Há uma quarta exigência que temos sobre a mesa, que é a incorporação de toda a oposição na Venezuela", disse Nicolás Maduro aos jornalistas durante as eleições primárias do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo).
O chefe de Estado começou por explicar que o Governo fez "um conjunto de demandas [exigências] que mantemos firmemente" para a instalação de um eventual diálogo com a oposição cuja data será anunciada proximamente.
"Primeiro o levantamento imediato de todas as sanções criminosas contra a economia e a sociedade venezuelana. Segundo, o reconhecimento das autoridades legítimas e constitucionais da Venezuela. Terceiro, a renúncia à violência, à conspiração, estas são três exigências firmes", disse.
O governante venezuelano explicou ainda que "na Venezuela há muitas oposições" e que desde 2019 e 2020 "têm surgido novas lideranças na oposição, lideranças muito distintas das que se conheciam no passado".
"E nós acreditamos que há que abrir as comportas para que todas as oposições participem. Todas as oposições. É outra exigência que estamos a fazer", disse.
Nicolás Maduro frisou ainda acreditar que "no diálogo político, de paz, com a oposição 'guadocista' [aliada de Juan Guaidó] vamos bem".
O Presidente da Venezuela disse que desde setembro de 2019 tem negociado com setores da oposição e que de esse diálogo "têm surgido todas as garantias eleitorais", incluindo a convocatória para as "mega eleições" regionais e municipais, marcadas para 21 de novembro.
Maduro acrescentou que foi redigido um documento para o diálogo e que atualmente está a ser debatida a agenda de uma nova negociação.
"Há sete títulos [assuntos] na agenda, que se está debatendo e nos próximos dias se anunciará a data e o lugar da reunião", adiantou.
Sobre a possibilidade de que as novas negociações decorram no México, explicou que "o Governo do Presidente, Andrés Manuel López Obrador, ofereceu o local e que conta "com todo o apoio do México, para estes diálogos de paz com a oposição".
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando o então presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, jurou assumir publicamente as funções de presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.
Segundo diversas organizações, 5,6 milhões de venezuelanos abandonaram o seu país desde 2015, fugindo da crise.
A OEA alertou recentemente que o êxodo de venezuelanos poderá atingir os 7 milhões até o primeiro trimestre de 2022, superando os 6,7 milhões do êxodo da Síria.
Em 2016, o Vaticano propôs a realização de encontros de diálogo entre o Governo de Nicolás Maduro e a oposição. As negociações falharam em 2018 e nelas participou o ex-presidente José Luís Rodríguez Zapatero, de Espanha.
Em 2019 fracassaram também as tentativas de diálogo com intermediação da Noruega e da República Dominicana.
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