"As recentes mudanças no clima são generalizadas, rápidas e intensivas. As alterações climáticas já estão a afetar todas as regiões da terra, de múltiplas formas. As mudanças que vivemos irão aumentar com um maior aquecimento", afirmou à agência Lusa o professor de Adaptação às Alterações Climáticas na Universidade de Leeds, no Reino Unido.
O especialista considera que "não há como voltar atrás em algumas mudanças no sistema climático". Mas acredita que, se forem empreendidas reduções imediatas, rápidas e em larga escala das emissões de gases com efeito de estufa, o aumento global da temperatura ainda pode ser limitado a cerca de 1,5°C".
"Isto não só reduziria as consequências das alterações climáticas, como também melhoraria a qualidade do ar", prosseguiu.
O novo relatório dos especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), divulgado hoje, apresenta como certo o aumento da temperatura global em pelo menos 1,5 graus centígrados, em comparação com a era pré-industrial, até 2030.
A temperatura global subirá 2,7 graus em 2100, se se mantiver o atual ritmo de emissões de gases com efeito de estufa.
Questionado se este documento representa um "último aviso à humanidade", Suraje Dessai recordou que "o IPCC tem vindo a publicar relatórios que alertam para os riscos das alterações climáticas há décadas".
No relatório hoje apresentado, os cientistas e ativistas do painel mundial mostram, de forma inequívoca, que o clima está a mudar mais rapidamente do que se temia e que a culpa é das pessoas, já que apenas uma fração do aumento da temperatura pode ser atribuído, desde o século XIX, a causas naturais.
No relatório com mais de três mil páginas, os especialistas traçam cinco cenários, mas avisam, desde já, que muitos efeitos do aquecimento global vão perdurar "séculos ou milénios", faça-se o que se fizer.
Face às imagens de inundações e incêndios que fazem as manchetes em todo o mundo, as novas previsões climáticas, anunciadas três meses antes da Conferência do Clima COP26, são alarmantes, mas não foram propriamente uma surpresa para ninguém. Eis as principais conclusões da primeira avaliação abrangente do clima desde 2014, realizada por mais de 230 cientistas, de 66 nacionalidades, com base em 14.000 estudos publicados.
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