Governo venezuelano e oposição em contactos para retomar diálogo
O Governo venezuelano, do Presidente Nicolás Maduro, está em contactos para retomar o diálogo com a oposição, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Noruega (MNEN), um dos países facilitadores do processo.
© Reuters
Mundo Venezuela
"A Noruega confirma que o Governo da Venezuela e a Plataforma Unitária da Venezuela se encontram em fase final de conversações exploratórias, com o objetivo de iniciar negociações, no México, facilitadas pela Noruega", anunciou o MNEN na sua conta do Twitter.
A confirmação tem lugar depois de na semana passada o Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciar que o seu país estava disponível para ser sede de novas negociações entre o Governo de Maduro e o setor maioritário da oposição, liderado por Juan Guaidó.
Segundo a imprensa local, é possível que o diálogo comece a 13 de agosto, no México.
No domingo, o Presidente Nicolás Maduro exigiu como condição para avançar no diálogo que esteja representada toda a oposição ao seu regime, revelando, no entanto, que "vão bem" as negociações com o setor aliado de Juan Guaidó.
"Há uma quarta exigência que temos sobre a mesa, que é a incorporação de toda a oposição na Venezuela", disse Nicolás Maduro aos jornalistas durante as eleições primárias do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo).
O chefe de Estado começou por explicar que o Governo fez "um conjunto de exigências" para um eventual diálogo com a oposição, começando pelo "levantamento imediato de todas as sanções criminosas contra a economia e a sociedade venezuelana".
Em segundo lugar, exigiu "o reconhecimento das autoridades legítimas e constitucionais da Venezuela", e depois "a renúncia à violência, à conspiração".
O governante venezuelano explicou ainda que "na Venezuela há muitas oposições" e que desde 2019 e 2020 "têm surgido novas lideranças na oposição, lideranças muito distintas das que se conheciam no passado".
"E nós acreditamos que há que abrir as comportas para que todas as oposições participem. Todas as oposições. É outra exigência que estamos a fazer", disse.
Maduro acrescentou que foi redigido um documento para o diálogo e que atualmente está a ser debatida a agenda de uma nova negociação.
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando o então presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, jurou assumir publicamente as funções de presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e realizar eleições livres e democráticas no país.
Segundo diversas organizações, 5,6 milhões de venezuelanos abandonaram o seu país desde 2015, fugindo da crise.
A OEA alertou recentemente que o êxodo de venezuelanos poderá atingir os 7 milhões até ao primeiro trimestre de 2022, superando os 6,7 milhões do êxodo da Síria.
Em 2016, o Vaticano propôs a realização de encontros de diálogo entre o Governo de Nicolás Maduro e a oposição. As negociações falharam em 2018 e nelas participou o ex-presidente José Luís Rodríguez Zapatero, de Espanha.
Em 2019 fracassaram também as tentativas de diálogo com intermediação da Noruega e da República Dominicana.
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