Filho de herói afegão pede armas aos EUA para resistir aos talibãs
Ahmad Massoud, filho do comandante Ahmed Shah Massoud, assassinado pela Al-Qaida em 2001, apelou aos Estados Unidos para que forneçam armas e munições para que a sua milícia no Afeganistão resista aos talibãs.
© Reuters
Mundo Afeganistão
"A América ainda pode ser um grande arsenal para a democracia" ao apoiar os combatentes mujaidine (soldados de Deus), "que estão de novo prontos para enfrentar os talibãs", disse Ahmad Massoud, num artigo publicado no jornal The Washington Post, citado hoje pela agência France-Presse (AFP).
Massoud disse que se encontra no vale do Panshir (Nordeste) acompanhado por soldados do exército afegão "enojados com a rendição dos seus comandantes", bem como por antigos membros das forças especiais afegãs.
O pai de Ahmad Massoud foi um herói da resistência antissoviética (1979-1989) que mais tarde lutou contra os talibãs.
O designado "leão do Panshir", líder da Aliança do Norte, foi assassinado pela rede terrorista Al-Qaida em 09 de setembro de 2001.
Ahmed Shah Massoud foi elevado à categoria de herói nacional no Afeganistão por decreto presidencial em 2019.
As forças talibãs reconquistaram o poder em Cabul, na sequência de uma ofensiva militar que se intensificou após o início da retirada das forças dos Estados Unidos, em maio.
A retirada das forças estrangeiras foi negociada em fevereiro de 2020.
O domínio talibã não inclui a província de Panshir, onde Ahmad Massoud apareceu ao lado do vice-presidente Amrullah Saleh em imagens que circulam nas redes sociais, parecendo lançar as bases do que seria uma rebelião contra o novo regime.
Essa informação foi confirmada hoje pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, que apelou para conversações que permitam um "governo representativo" no Afeganistão.
"Os talibãs não controlam todo o território do Afeganistão. Estão a chegar informações sobre a situação no vale do Panshir, onde se concentram as forças de resistência do vice-presidente Saleh e Ahmad Massoud", disse Lavrov numa conferência de imprensa em Moscovo.
No artigo no jornal The Washington Post, Ahmad Massoud disse acreditar que afegãos e norte-americanos partilharam "ideias e lutas" nos últimos 20 anos, e pediu que os EUA continuem a apoiar a "causa da liberdade" no Afeganistão.
"Precisamos de mais armas, mais munições, mais equipamento", insistiu Ahmad Massoud, assegurando que os talibãs são uma ameaça também fora do país.
"Sob o controlo dos talibãs, o Afeganistão tornar-se-á sem dúvida uma base para o terrorismo radical", disse.
Ahmad Massoud, que dirige o grupo político Frente de Resistência, já tinha publicado, na segunda-feira, um artigo na revista francesa La Règle du jeu, fundada pelo escritor Bernard-Henri Lévy, em que apelou "aos amigos estrangeiros" para apoiarem o país.
"Os meus companheiros de armas e eu vamos dar o nosso sangue, com todos os afegãos livres que recusam a servidão. Apelo a todos a juntarem-se a nós no bastião de Panshir, a última região livre do nosso país, em agonia", disse então.
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