Num comunicado conjunto, os três governos europeus expressaram a sua "grande preocupação" com a atividade nuclear do Irão, tendo em conta o mais recente relatório da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA).
Segundo os peritos, o Irão conseguiu enriquecer urânio até 20% e expandiu a sua capacidade de produção para atingir 60% de pureza, muito além do limite de 3,67% fixado pelo acordo internacional de 2015.
Trata-se de dois "passos decisivos" para o desenvolvimento de uma arma nuclear e o Irão, argumentaram os países europeus, "não tem nenhuma necessidade civil credível destas medidas".
"Sublinhamos que se trata de uma grave violação das obrigações do Irão ao abrigo do acordo nuclear de Viena", conhecido por JCPOA, disseram os três governos.
Os Estados Unidos assinaram o acordo em 2015, durante a presidência de Barack Obama, mas o seu sucessor na Casa Branca, Donald Trump, retirou o país do pacto em 2018.
Londres, Paris e Berlim também lamentaram que Teerão tenha "essencialmente limitado" o acesso dos inspetores da AIEA às suas instalações nucleares, desrespeitando os mecanismos de monitorização acordados.
Os três governos consideraram preocupante que estas medidas estejam a ter lugar durante a pausa de dois meses solicitada pelo Irão para as conversações de Viena, que ainda não foram reiniciadas.
"Enquanto o Irão rejeita as negociações, consegue factos no terreno que tornam mais difícil o regresso ao JCPOA", advertiram os três países europeus, que se mantêm no acordo nuclear com o Irão.
Numa reação ao relatório da AIEA, o Governo do Irão disse que as suas atividades nucleares são pacíficas e em conformidade com os seus compromissos internacionais.
"Todos os programas nucleares e as medidas do Irão estão de acordo com o Tratado sobre a Não-Proliferação das Armas Nucleares (TNP), os compromissos do Irão e estão sob a supervisão da AIEA", declarou um porta-voz governamental em Teerão, na quarta-feira.
O diretor da AIEA, Rafael Grossi, avisou, na terça-feira, que o Irão estava a aumentar as capacidades de enriquecimento de urânio nas suas instalações de Natanz (centro).
O acordo de 2015 permitiu o levantamento de uma parte das sanções internacionais contra o Irão em troca do seu compromisso de não tentar obter a arma nuclear.
Com a decisão de Trump, os EUA restabeleceram as sanções e, desde 2019, o Irão tem vindo progressivamente a desrespeitar os compromissos para limitar o seu programa nuclear.
Teerão argumenta que não tem de cumprir o acordo se os restantes signatários também não o fazem.
"O Irão vai prosseguir com o seu programa nuclear pacífico de acordo com as suas necessidades, as suas decisões soberanas e as suas obrigações até à aplicação completa do acordo de Viena pelos Estados Unidos e as outras partes", disse o porta-voz iraniano.
Entre abril e junho, decorreram em Viena seis rondas de negociações entre o Irão e as grandes potências para tentar salvar o acordo sobre o nuclear.
As últimas discussões ocorreram a 20 de junho, e não está marcada uma data para a sua continuação.
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