"Não devemos interferir nos assuntos dos outros e não devemos usar a força em violação da Carta das Nações Unidas", disse Serguei Lavrov ao explicar as consequências que os Estados Unidos devem tirar do que aconteceu no Afeganistão.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia criticou as "aventuras" do Ocidente, lideradas pelos Estados Unidos, nas suas intervenções no Afeganistão e Iraque, embora sem nomear este último país.
"Que consequências podem os EUA retirar disto? Não se pode dar lições e não se pode mudar pela força a forma como cada país quer viver. Cada um tem de lidar com os seus próprios problemas", resumiu Lavrov, citado pela agência espanhola EFE.
"Temos visto intervenções militares que não conduziram a quaisquer resultados positivos. O que levou ao florescimento do terrorismo, ao registo da produção de drogas e à inundação da Europa com imigrantes ilegais", acrescentou.
Os EUA vão retirar os seus militares do Afeganistão em 31 de agosto, após 20 anos de presença no país com os seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), incluindo Portugal.
Antes, o Afeganistão esteve 10 anos sob ocupação da então União Soviética, liderada pela Rússia, entre 1979 e 1989.
Serguei Lavrov falou sobre o Afeganistão ao lado do seu homólogo austríaco, Alexander Schallenberg, naquela que é a primeira visita bilateral do chefe da diplomacia russa ao país da Europa Central desde 2009.
Lavrov e Schallenberg mostraram profundas diferenças sobre a prisão do líder da oposição russa, Alexei Navalny, e a anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia, em 2014.
O ministro dos Negócios Estrangeiros austríaco exigiu a libertação incondicional de Navalny e condenou a anexação da Crimeia, defendendo a integridade territorial da Ucrânia.
Schallenberg lamentou que as relações entre a União Europeia e a Rússia estejam a atravessar um período que disse ser muito mau, mas defendeu a manutenção do diálogo, dado que Moscovo continua a ser um vizinho importante do bloco.
Sobre a Crimeia, Lavrov disse que as autoridades ucranianas continuam com a política que adotaram em 2014, de combater tudo o que é russo no país, que, referiu, foi o que levou os habitantes da região a apoiarem a reunificação com a Rússia, segundo a agência russa TASS.
Lavrov está em Viena no âmbito de uma viagem que iniciou em Bucareste e que terminará em Roma, para onde viaja na quinta-feira.
Em Roma, Lavrov vai encontrar-se com o primeiro-ministro, Mario Draghi, e com o seu homólogo italiano, Luigi Di Maio.
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