Grande aliado dos Estados Unidos, Israel ainda não tinha emitido qualquer comentário oficial sobre a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão, onde os talibãs reconquistaram o poder em 15 de agosto.
A retirada "não aconteceu como deveria", declarou o chefe da diplomacia israelita, numa conferência de imprensa realizada em Jerusalém com jornalistas estrangeiros.
"Foi provavelmente a decisão certa, mas não foi executada de forma adequada".
O Presidente norte-americano, Joe Biden, reiterou na terça-feira que a sua decisão de pôr fim à intervenção militar dos Estados Unidos no Afeganistão foi a correta, apesar das fortes críticas às operações de retirada de civis, caóticas e enlutadas por um atentado bombista que fez pelo menos 170 mortos, entre os quais 13 militares norte-americanos, no exterior do aeroporto de Cabul.
Os talibãs, por seu lado, celebraram na terça-feira, 31 de agosto, a sua vitória, após a partida do país, durante a noite, dos últimos soldados norte-americanos.
Segundo Lapid, é difícil de "compreender totalmente as repercussões desta decisão", nomeadamente nos países vizinhos, como o Paquistão, mas também o Irão, inimigo 'número um' do Estado hebreu, que se encontra agora com uma "grande fronteira com um país sunita extremista governado por uma organização sunita extremista".
O chefe da diplomacia israelita considerou também que a retirada norte-americana não foi um sinal de um desinteresse crescente de Washington pela região.
"Não acho que os Estados Unidos estejam a retirar do Médio Oriente e isso, aliás, fez parte das discussões que o primeiro-ministro [israelita] manteve recentemente em Washington", declarou Lapid.
O primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, reuniu-se a 27 de agosto na Casa Branca com o Presidente Biden, para uma conversa inicialmente agendada para o dia anterior, mas adiada devido ao atentado bombista no aeroporto de Cabul.
Os talibãs conquistaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO que se encontravam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, considerado o principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
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