Naquelas zonas do Haiti, o sismo causou a destruição de todas as infraestruturas que permitiam a produção agrícola e a distribuição alimentar -- mercados, estradas, armazéns, unidades de laticínios, sistemas de irrigação -, acentuada pela passagem da tempestade tropical Grace dois dias depois.
No sul do país, abalado a 14 de agosto por um sismo de magnitude 7,2 na escala de Richter, "prevê-se que cerca de 980.000 pessoas se encontrem em situação de insegurança alimentar severa (grau 3 ou mais, numa escala de 5) entre setembro e fevereiro de 2022, incluindo 320.000 em grau 4 (emergência)", indica a FAO num documento de síntese realizado por 15 agências especializadas da ONU e de organizações não-governamentais internacionais que faz o ponto da situação quanto ao estado da segurança alimentar no país.
Na primavera (de março a junho de 2022), o número de pessoas em insegurança alimentar aguda nesta região deverá aumentar para 991.000, indica o documento.
A organização das Nações Unidas quer ajudar os haitianos antes da próxima época agrícola, que começa em outubro, distribuindo sementes, equipamento agrícola ou gado, e ajudando à reconstrução das infraestruturas danificadas (canais de irrigação, fábricas de processamento de frutas, produtoras de laticínios, peixarias).
Para tal, a FAO lançou um apelo para a recolha de 20 milhões de dólares (cerca de 16,8 milhões de euros), para ajudar cerca de 32.000 famílias rurais de entre as mais afetadas (160.000 pessoas) a reparar as infraestruturas agrícolas.
A FAO observa que a precipitação abaixo do normal entre abril e maio também contribuiu para uma produção agrícola mais reduzida este ano.
O Haiti, que já é um dos países mais pobres do mundo, com 60% da população abaixo do limiar da pobreza, situa-se numa zona sísmica.
O anterior terramoto, ocorrido em 2010, fez mais de 200.000 mortos e devastou a economia do país.
O sismo de 14 de agosto, com epicentro na península sul da ilha, causou a morte de mais de 2.200 pessoas.
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