Na sua mensagem de boas-vindas à Celac, na qual participam mais de uma dezena de lideranças na região, o presidente mexicano destacou a necessidade de "construir no continente americano algo semelhante ao que foi a comunidade económica que deu origem à atual UE", refere a agência EFE.
López Obrador assinalou que este ideal seria possível se se chegassem a acordos sobre três temas básicos: a não intervenção e autodeterminação dos povos, a cooperação para o desenvolvimento e ajuda mútua no combate à desigualdade e à discriminação.
No campo económico e comercial, o presidente mexicano propôs a assinatura de um acordo entre os países da região com os Estados Unidos e o Canadá, com o objetivo de fortalecer o mercado interno do continente, que, segundo ele, "está deficitário com a Europa e a Ásia".
O líder mexicano destacou ainda a importância de reativar em breve as economias dos países da região "para construir na América o que consumimos" e realçou que há mão de obra, além de bom desenvolvimento tecnológico.
"Somos um continente rico em recursos naturais, com grande diversidade cultural, e as distâncias entre os países permitem economizar no transporte e há procura suficiente por mercadorias", disse.
No entanto, acrescentou que um planeamento conjunto e a cooperação de organizações como a Comissão Económica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) são necessários para promover a comunidade económica da região.
López Obrador criticou a falta de apoio do governo dos Estados Unidos, ao destacar que, desde 1961, aquele país investiu 10 milhões de dólares em 10 anos (82 milhões de dólares ao câmbio atual - 69.8 milhões de euros) em benefício dos povos da América Latina e do Caribe.
"Foi a única coisa importante que foi feita em termos de cooperação para o desenvolvimento no nosso continente em mais de meio século", afirmou, ao referir que é hora de acabar com "a letargia" e propor uma relação "nova e vigorosa", além de substituir a política de "bloqueios e maus tratos pela opção de nos respeitarmos".
Um gesto de "boa vontade" seria que os Estados Unidos doassem vacinas contra a covid-19 a países da região que não tiveram a possibilidade de proteger os seus povos contra o SARS-CoV-2.
O presidente boliviano, Luis Arce, criticou a Organização dos Estados Americanos (OEA) e pediu uma organização "que trabalhe com práticas democráticas e responda à realidade apoiando a soberania dos países e sem interferências".
"A OEA é inútil", disse Arce, que elogiou o trabalho do México a favor da Celac como organização que defende que "o interesse financeiro não pode estar acima do interesse social".
Por sua vez, o presidente cubano Miguel Diaz-Canel denunciou a "campanha oportunista dos interesses dos Estados Unidos contra Cuba" e lembrou que o embargo dos Estados Unidos foi reforçado enquanto sofre as "consequências da pandemia".
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