Os talibãs, que tomaram o poder no Afeganistão, querem falar aos líderes mundiais na Assembleia-Geral das Nações Unidas que está a decorrer esta semana em Nova Iorque, nos Estados Unidos, avança a Reuters. O pedido foi feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros Amir Khan Muttaqi, em carta enviada esta segunda-feira ao Secretário-Geral da ONU, António Guterres.
O envio da missiva por parte de Muttaqi foi já confirmada por Farhan Haq, porta-voz das Nações Unidas.
De recordar que, no passado dia 13, Guterres considerou "muito importante" que as Nações Unidas dialoguem com os talibãs, tendo como objetivo facilitar a distribuição da ajuda humanitária no Afeganistão, que deverá servir de "alavanca" aos Direitos Humanos.
Os talibãs, também de acordo com a agência de notícias, nomearam Suhail Shaheen, o seu porta-voz em Doha, no Qatar, como o embaixador do Afeganistão nas Nações Unidas, 'retirando' Ghulam Isaczai do cargo.
Exclusive: Taliban names Afghan U.N. envoy, asks to speak to world leaders https://t.co/i4k8eYePEh pic.twitter.com/Zw1IYlHtR0
— Reuters (@Reuters) September 21, 2021
Na mesma carta, os talibã consideraram "terminada" a "missão" de Isaczai, acrescentando que este "já não representa mais o Afeganistão". Contudo, até que haja uma decisão do comité da ONU, este manter-se-á em funções.
Ghulam Isaczai tem, até, a sua intervenção na 76.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas marcada para a próxima segunda-feira, o último dia da reunião dos líderes mundiais.
Recorde-se que vários países já estabeleceram contactos com o governo talibã desde que assumiu o poder, principalmente para organizar evacuações e fornecer ajuda humanitária a civis, embora não haja ainda reconhecimento formal da sua autoridade.
Após quase duas décadas de presença de forças militares norte-americanas e da NATO, os talibãs tomaram o poder em Cabul a 15 de agosto, culminando uma rápida ofensiva que os levou a controlar as capitais de 33 das 34 províncias afegãs em apenas 10 dias.
Desde então, os combatentes islamitas radicais asseguraram em várias ocasiões a intenção de formar um Governo islâmico "inclusivo", que representasse todas as tribos e etnias do Afeganistão, mas em 7 de setembro anunciaram um governo totalmente masculino, só com ministros talibãs, incluindo veteranos da sua linha dura, que governou o país entre 1996 e 2001, e da luta de 20 anos contra a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos.
[Notícia atualizada às 23h48]
Leia Também: "Portugal estará sempre ao lado dos consensos que resolvam as crises"