Segundo informação do Departamento de Estado norte-americano, a reunião bilateral entre os dois representantes de Governo aconteceu na terça-feira, em Nova Iorque, e durou cerca de 50 minutos, à margem da semana de alto nível da Organização das Nações Unidas (ONU).
Um alto funcionário do Departamento de Estado, cujo nome não pode ser divulgado, disse à imprensa que se tratou de um "bom encontro", onde o "tópico mais longo" foi o do clima e a "necessidade de elevar a ambição climática em todo o mundo" para cumprir metas até à Conferência do Clima de Glasgow, de 01 a 12 de novembro.
O secretário de Estado norte-americano salientou que quando dois países de grandes dimensões e "que emitem tantos poluentes" como os Estados Unidos da América (EUA) e Brasil "estabelecem metas ousadas e ambiciosas, outros países notam", segundo a transcrição hoje divulgada.
"E assim, a capacidade e a vontade do Brasil de elevar as suas ambições climáticas não trariam apenas um resultado líquido positivo à medida que avançamos em direção a Glasgow, mas também o mundo notaria e isso provocaria ações adicionais também", acrescentou o alto funcionário do Departamento de Estado.
A sessão bilateral incluiu também o tema da pandemia de covid-19, com os norte-americanos a destacar que todo o mundo tem de estar seguro. "Houve uma conversa sobre os esforços do Brasil para combater o vírus em casa e contribuir para o esforço global de enfrentamento do vírus em todo o mundo", explicou o responsável.
Em cima da mesa, segundo o Departamento de Estado, esteve também a análise sobre a migração regional e formas como os dois países "podem trabalhar juntos nesse desafio".
Antony Blinken sublinhou, na reunião, que a relação entre EUA e Brasil é "vital tanto em termos da sua esfera estratégica quanto económica", numa cooperação que "envolve interesses regionais" e onde condizem o "tamanho e peso das duas economias e o papel que desempenham no cenário internacional".
Também foi dada importância à integração do Brasil como membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, em 2022 e 2023, onde os Estados Unidos têm assento permanente.
No discurso perante à Assembleia Geral da ONU, na terça-feira, o Presidente norte-americano, Joe Biden, prometeu aumentar os esforços internacionais do seu país para combater a pandemia de covid-19 e as alterações climáticas e referiu que "vai anunciar compromissos adicionais" para aumentar a vacinação nos países menos avançados no decurso de uma cimeira virtual que organiza na quarta-feira.
Além disso, Biden comprometeu-se a "duplicar de novo" o montante de ajuda dos EUA aos países mais pobres para enfrentar as alterações climáticas, mas sem precisar o montante.
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro disse, também na Assembleia Geral da ONU, que vinha apresentar um "novo Brasil", diferente daquilo que é "publicado em jornais ou visto em televisões".
Jair Bolsonaro, o único Presidente que se deslocou à ONU, em Nova Iorque, sem ter tomado a vacina contra a covid-19, defendeu também a autonomia médica e o uso de medicamentos sem eficácia científica comprovada contra a covid-19.
Ao citar o chamado "tratamento precoce" o chefe de Estado brasileiro referia-se ao uso de remédios contra a malária como cloroquina e a hidroxicloroquina, e outras substâncias como a azitromicina, que diz ter ingerido com sucesso quando foi infetado pelo novo coronavírus no ano passado, embora estudos e a comunidade científica global indiquem que são ineficazes contra o vírus SARS-CoV-2.
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