"Consideramos uma violação da nossa soberania que a Ucrânia queira tornar impossível o fornecimento seguro de gás à Hungria", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comércio húngaro, Péter Szijjártó, num comunicado.
Na segunda-feira, a Hungria assinou um acordo de 15 anos com a estatal russa Gazprom para receber 4,5 mil milhões de metros cúbicos de gás russo por ano, o que representa quase metade de seu consumo anual.
Szijjártó explicou na segunda-feira que este gás chegaria à Hungria de duas maneiras: pela Sérvia (3.500 milhões de metros cúbicos) e o resto pela Áustria.
A exclusão de um gasoduto que passa pela Ucrânia, outro país vizinho da Hungria, atraiu críticas de Kiev.
"Temos um país, a Hungria - que é membro da União Europeia (UE) e da NATO, embora tenha uma relação especial com a Rússia -- que desferiu um golpe nas relações com a Ucrânia ao excluir o gasoduto ucraniano do plano fornecimento de gás da Rússia", disse, na segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmitro Kuleba.
Kiev disse hoje que vai responder "sem piedade" à Hungria e anunciou que uma reunião bilateral da comissão intergovernamental conjunta, marcada para 29 e 30 deste mês, será suspensa.
O Governo ucraniano já anunciou na segunda-feira que vai pedir à Comissão Europeia (CE) que avalie o cumprimento do novo acordo de gás entre a Hungria e a Rússia e a legislação energética europeia.
Szijjártó afirmou que "os ucranianos nada têm a ver com quem assinamos acordos" e acrescentou que a Ucrânia, ao querer impossibilitar o abastecimento de gás à Hungria, "fere gravemente a soberania e a segurança nacional" do seu país.
A Rússia está a construir dois gasodutos que contornam o território ucraniano para levar gás à Europa, o Nord Stream 2, que se conecta diretamente com a Alemanha, e o TurkStream, que trará gás russo para a Turquia e também para a Europa Central e os Balcãs.
As relações húngaro-ucranianas são tradicionalmente tensas, pois Budapeste considera que os direitos das minorias étnicas (incluindo a húngara) são ignorados no país vizinho, enquanto Kiev acusa Budapeste de apoiar as políticas da Rússia.
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