Bruxelas adia novas negociações para acordo comercial com Austrália

A Comissão Europeia anunciou hoje que as próximas negociações para acordo comercial com Austrália, inicialmente previstas para outubro, foram adiadas um mês a pedido de Bruxelas, dias após o anúncio do pacto de defesa entre Camberra, Londres e Washington.

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Lusa
01/10/2021 14:09 ‧ 01/10/2021 por Lusa

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Comissão Europeia

 

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"Posso confirmar que a próxima ronda de negociações com a Austrália foi adiada por um mês. Como sempre dissemos, é a substância que prevalece sobre a velocidade", declarou a porta-voz do executivo comunitário para a área do Comércio, Miriam García Ferrer.

Falando na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas, a responsável precisou que a decisão foi tomada "há alguns dias" pela instituição e apenas hoje divulgada, tendo por base a necessidade de "preparar melhor" a próxima etapa das discussões, que arrancaram em junho de 2018.

O anúncio foi feito depois de, em meados de setembro, os Estados Unidos, a Austrália e o Reino Unido terem anunciado um pacto de defesa para enfrentar a China na região Indo-Pacífico, o AUKUS (iniciais em inglês dos três países anglo-saxónicos), que visa reforçar a cooperação trilateral em tecnologias avançadas como a inteligência artificial, sistemas submarinos e vigilância em longa distância.

A União Europeia (UE) admitiu ter ficado surpreendida com o anúncio de tal aliança de defesa, dado não ter sido consultada nem ouvida durante o processo.

Miriam García Ferrer garantiu à imprensa que este adiamento "não é o fim das negociações" entre a UE e a Austrália, mas admitiu que ainda há "questões em aberto" que têm de ser trabalhadas, como a salvaguarda do acesso ao mercado, as regras de origem, a propriedade intelectual e as indicações geográficas e ainda os contratos públicos e o desenvolvimento sustentável.

"Não podemos estipular um prazo porque isso depende do conteúdo da negociação", disse ainda a porta-voz da tutela.

Por seu lado, o porta-voz principal da Comissão Europeia, Eric Mamer, sublinhou que este adiamento de um mês surgiu a pedido do executivo comunitário, rejeitando ainda assim tratar-se de uma represália.

"Não se trata de punir ninguém [até porque] a Austrália é um parceiro da UE. Temos negociações em curso, muito específicas. A substância da negociação requer muito mais esforços e não é raro que tais decisões sejam tomadas", adiantou Eric Mamer.

A UE é o segundo maior parceiro comercial da Austrália e o comércio bilateral de mercadorias entre os dois blocos tem vindo a aumentar constantemente nos últimos anos, chegando a atingir um valor de cerca de 48 mil milhões de euros em 2017, quando o comércio bilateral de serviços ascendeu a 27 mil milhões de euro.

 

 

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