Rússia nada tem a ver com a crise do gás na Europa, garante Kremlin

A Rússia assegura nada tem a ver com o recente aumento nos preços do gás na Europa, que hoje ultrapassou marcas recorde, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

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Lusa
06/10/2021 12:56 ‧ 06/10/2021 por Lusa

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Gás

"Insistimos que a Rússia não teve, e nem podia ter, qualquer papel no que está a acontecer no mercado de gás na Europa", disse hoje Peskov, durante a conferência de imprensa diária do Kremlin.

O porta-voz da presidência russa sublinhou que a Rússia, principal fornecedor de gás para a Europa, "cumpriu, cumpre e continuará a cumprir" de forma consistente todos os compromissos assumidos nos contratos de fornecimento de gás.

"A crise deve-se a vários fatores que coincidiram ao longo do tempo. Deve-se ao ritmo de restabelecimento da economia, logo, ao aumento do consumo de combustíveis; ao nível do armazenamento de gás; e a uma redução considerável da geração eólica na Europa", apontou Peskov, que lembrou que as mudanças climáticas afetam os ventos e reduzem a geração de eletricidade.

"Há também outros fatores adicionais. Está a chegar menos gás ao mercado de pagamento a pronto. Mas isso não está relacionado com a Rússia", insistiu o porta-voz do Kremlin, acrescentando que "apenas não profissionais, pessoas que não entendem a essência do que está a acontecer, podem culpabilizar a Rússia".

"A Rússia tem afirmado, repetidamente, que está disponível para discutir os novos contratos de longo prazo", disse Peskov que recordou que a empresa estatal de gás russo Gazprom está em contacto constante com os seus clientes europeus, estando a aproximar-se de "níveis recordes de fornecimento de gás para a Europa".

O preço do gás natural subiu hoje para novos máximos nos mercados europeus devido à forte procura à medida que o inverno se aproxima, especialmente na Ásia, mas também devido a uma oferta limitada e aos baixos 'stocks' existentes.

O preço de referência europeu, o TTF (Title Transfer Facility) holandês, aumentou por volta das 10:10 TMG (11:50 em Lisboa) para 135,00 euros por megawatt hora (MWh), mais 16,36% que no fecho de terça-feira, enquanto o preço do gás para entrega em novembro no Reino Unido subiu para 347,27 'pence pence per therm' (uma unidade de quantidade de calor), mais 18,15%.

Temporariamente, os preços europeu e britânico dispararam mais de 25% e atingiram 162,12 euros e 407,82 'pence per therm', respetivamente, pouco antes das 08:30 TMG, tendo registado um aumento recorde.

A Rússia está a aguardar autorização do regulador de energia alemão para colocar em funcionamento o gasoduto Nord Stream 2, que transportará gás russo para a Alemanha através do Mar Báltico, contornando assim as fronteiras ucranianas.

Para a conseguir, a Rússia deve cumprir a diretiva de gás da União Europeia, conhecida como Terceiro Pacote de Energia, que estipula que as empresas que produzem, transportam e fornecem gás dentro do bloco comunitário devem ser separadas ou "desagregadas", para garantir a concorrência no mercado.

A Gazprom é o produtor e operador do gasoduto, portanto, não poderá usar mais de 50% da capacidade do Nord Stream 2, para cumprir a diretiva comunitária.

Leia Também: Mercados europeus: Preço do gás natural sobe para novos máximos de sempre

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