A lei, no centro de uma batalha feroz nos tribunais, proíbe o aborto a partir do momento em que os batimentos cardíacos do embrião são detetáveis - ou seja, por volta das seis semanas de gravidez, quando a maior parte das mulheres ignora ainda que está grávida -- e não prevê exceções em caso de violação ou incesto.
A jurisprudência do Supremo Tribunal garante às mulheres o direito a abortar enquanto o feto não é viável, ou seja, até cerca das 22 semanas de gravidez.
Mas o texto do Texas inclui um dispositivo único: confia "exclusivamente" aos cidadãos o cuidado de fazer respeitar a medida, incitando-os a apresentar queixa contra as organizações ou pessoas que ajudem mulheres a abortar ilegalmente.
O Supremo Tribunal, onde os juízes conservadores estão em maioria, tinha já sido chamado a pronunciar-se uma vez e invocou "novas questões processuais" para se recusar, a 01 de setembro, a bloquear a entrada em vigor da lei.
O Governo federal entrou, então, na arena judicial, apresentando uma queixa em seu nome contra o Texas.
A 06 de outubro, um juiz de primeira instância deu-lhe razão e suspendeu a lei, enquanto se aguardava uma análise de fundo.
"Este tribunal não permitirá que esta privação chocante de um direito tão importante continue por um dia mais", escreveu o juiz federal Robert Pitman.
Algumas clínicas retomaram então os abortos para lá das seis semanas, mas alguns dias depois, um tribunal de segunda instância do Estado da Luisiana, conhecido pelo seu conservadorismo, invalidou a decisão do juiz Pitman.
A lei continua, por isso, em vigor enquanto decorrer o processo.
O Departamento da Justiça pede agora ao Supremo Tribunal que reponha a decisão do juiz Pitman.
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