"É importante manter a calma e avançar no sentido de uma desaceleração", disse o ministro do Meio Ambiente britânico, George Eustice, num breve discurso sobre no Parlamento, depois de a França anunciar medidas de retaliação e o apresamento de um navio britânico [escocês] num porto francês.
"A nossa porta permanece sempre aberta (...). Continuamos comprometidos e dispostos a levar em conta novas informações", disse George Eustice.
O ministro britânico reafirmou que foram atribuídas licenças de pesca a 98% das embarcações europeias que as solicitaram, incluindo quatro nos últimos dias, com base em novas informações da União Europeia.
"Estamos permanentemente abertos às discussões, pela manhã, à tarde e à noite", disse hoje, por seu lado, o primeiro-ministro francês, Jean Castex, lembrando que "os britânicos devem respeitar os seus compromissos", durante uma viagem a Lorient (Morbihan).
"Entendam que somos intransigentes no facto de (...) os compromissos assumidos serem cumpridos", continuou o chefe do Governo francês, dizendo ainda que vão garantir que os interesses de França "sejam respeitados e que a palavra dada seja respeitada".
Para Paris, Londres não concedeu aos pescadores franceses quase metade das licenças de pesca a que considera terem direito.
Em causa estão autorizações de pesca nas águas jurisdicionais britânicas (especialmente em torno das ilhas anglo-normandas, mais perto de França do que do Reino Unido) ao abrigo do acordo 'Brexit'.
Na quarta-feira, a França anunciou que, na ausência de progresso nas licenças de pesca pós-Brexit, uma primeira série de medidas seria aplicada a partir de 02 de novembro: proibição de desembarque de mariscos britânicos em todos os portos franceses, fortalecimento dos controlos alfandegários, de saúde e segurança para navios britânicos, bem como controlo de camiões de e para o Reino Unido, principalmente em Calais.
O Governo britânico disse, na quarta-feira, que essas medidas eram "desproporcionais" e advertiram que seriam objeto de "uma resposta apropriada e calibrada".
O primeiro-ministro francês disse hoje os britânicos têm "todos os meios para conseguir" a desaceleração do conflito.
"A escalada [do conflito] não se deve à França", insistiu Castex.
O acordo pós-Brexit, concluído no final de 2020 entre Londres e Bruxelas, prevê que os pescadores europeus possam continuar a trabalhar em águas britânicas sob certas condições.
Em áreas ainda disputadas, Londres e Ilhas Jersey concederam pouco mais de 210 licenças definitivas, mas Paris ainda está a pedir mais de 200.
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