Amnistia Internacional exige fim das deportações de haitianos

A Amnistia Internacional pediu hoje aos países do continente americano, especialmente aos Estados Unidos e ao México, para pararem com as deportações de haitianos, denunciando as "violações de direitos humanos" de que são vítimas estas pessoas.

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© Eduardo Mejía/Agencia Press South/Getty Images

Lusa
28/10/2021 19:13 ‧ 28/10/2021 por Lusa

Mundo

Migrações

 

"Hoje apelamos aos Estados da região para que acabem com as deportações para o Haiti e apliquem urgentemente medidas de proteção para os haitianos, incluindo asilo e outras vias de residência legal para que estas pessoas possam reconstruir as suas vidas em segurança", declarou a diretora da organização internacional de defesa dos direitos humanos para as Américas, Erika Guevara Rosas, citada pelas agências internacionais.

A Amnistia Internacional e a organização Haitian Bridge Alliance publicaram hoje um relatório que denuncia situações que envolveram migrantes haitianos na cidade mexicana de Tapachula, na fronteira com a Guatemala.

O documento concluiu que "o México está a tomar medidas que, na prática, podem estar a restringir o acesso à proteção dos haitianos", nomeadamente "devoluções ilegais" sem possibilidade de recurso ou sem acesso aos devidos apoios.

"Enquanto a situação política e económica continua a deteriorar-se no Haiti, o que facilita violações em massa dos direitos humanos, sequestros e violência generalizada, os Estados do continente americano não estão a proteger os migrantes haitianos, que procuram estabilidade e segurança", lamentou a representante da Amnistia Internacional, que denunciou igualmente que os haitianos em trânsito no continente americano são alvo de detenções ilícitas e de discriminação racial.

Segundo os dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), citados pela Amnistia Internacional, os países do continente americano deportaram para o Haiti, entre 19 de setembro e 19 de outubro, um total de 10.800 pessoas, a maioria a partir dos Estados Unidos.

Em setembro passado, imagens divulgadas a nível internacional mostraram agentes da patrulha de fronteira dos Estados Unidos a dispersarem de forma violenta migrantes haitianos que se concentravam na zona de Del Rio, no Texas, na fronteira com o México.

Estas imagens, que mostravam agentes fronteiriços, a cavalo, a gritarem e a recorrerem a chicotes para dispersar os migrantes, voltaram a colocar o êxodo que esvazia há uma década o Haiti, o país mais pobre da América, na atualidade internacional.

Muitos refugiados haitianos que vivem há vários anos em países da América do Sul procuram agora entrar no território norte-americano, devido à crise pandémica e ao endurecimento das políticas de migração.

O Haiti regista graves problemas económicos, políticos, sociais e de insegurança, nomeadamente com raptos para a obtenção de resgates realizados por gangues que quase sempre ficam impunes.

O país ainda tenta recuperar do devastador terramoto de 2010 e do furacão Matthew em 2016.

O clima de crise agravou-se ainda mais com o assassínio, em julho passado, do chefe de Estado do Haiti, Jovenel Moise, e com o forte sismo que atingiu, em agosto, o país.

Leia Também: Haiti. Colombiano suspeito de matar Jovenel Moise detido na Jamaica

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