COP26. Mitos e factos em torno das alterações climáticas

Nas vésperas da cimeira do clima das Nações Unidas, que visa aumentar a ambição do combate ao aquecimento global, a agência France Presse reuniu alguns dos argumentos usados para desacreditar o fenómeno das alterações climáticas, contrariando-os:

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Lusa
30/10/2021 09:04 ‧ 30/10/2021 por Lusa

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As alterações climáticas são uma conspiração:

A crise climática é uma conspiração de cientistas para justificarem os seus financiamentos ou mesmo uma cabala dos governos para controlarem os seus cidadãos?

Para tal, seria necessária uma organização com uma complexidade inimaginável, coordenada por sucessivos governos numa quantidade enorme de países, com a cumplicidade de um verdadeiro exército de cientistas.

Suporia dezenas de milhares de estudos, revistos e corrigidos por outros cientistas, 'arranjados' para chegar a um consenso quase unânime sobre a realidade das alterações climáticas provocadas pela atividade humana.

Ao contrário, longe de ser secreta, a investigação neste campo é demonstrada pelo grupo de peritos reunidos no Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) composto pelos países membros das Nações Unidas.

Criado em 1988 e galardoado com o prémio Nobel da Paz em 2007, o painel junta centenas de cientistas que reveem 'pro bono' o conhecimento atual sobre alterações climáticas com uma metodologia que é do conhecimento público.

O relatório mais recente, com 3.500 páginas, foi publicado em agosto depois de redigido por 234 autores de 66 países e aprovado por delegados de 195 países.

O clima está sempre a mudar:

A Terra alterna há muito tempo entre períodos glaciares e outros mais quentes, com glaciações a ocorrerem a cada dez mil anos. O atual período de aquecimento é apenas uma etapa de um ciclo que se sucede há milhões de anos?

Os peritos respondem que não, apontando a rapidez, a amplitude e o âmbito mundial do aquecimento em curso, que o tornam excecional.

"Desde 1970, a temperatura mundial aumentou mais depressa do que em qualquer período de 50 anos dos últimos dois mil anos", refere o IPCC, baseando-se em registos meteorológicos e estudos sobre os sedimentos, amostras de glaciares e outros elementos.

Está por provar que as alterações climáticas têm origem na atividade humana:

De acordo com um modelo do painel intergovernamental que mediu diferentes fatores que concorrem para o aquecimento global, "não há dúvida de que a influência humana fez aquecer a atmosfera, os oceanos e a terra", como se lê no relatório que pode ser consultado em https://www.ipcc.ch/report/sixth-assessment-report-cycle/

Mais calor não é mau:

O clima e as suas evoluções observam-se no longo prazo, enquanto os fenómenos meteorológicos têm os seus próprios mecanismos, que se verificam no imediato.

Mais calor em regiões como a Sibéria só teria desvantagens, uma vez que os gelos permanentes derreteriam, libertando enormes quantidades de gases com efeito de estufa, que seriam libertados para a atmosfera.

Os cientistas contestam que as alterações climáticas sejam uma realidade:

Alguns manifestaram dúvidas, mas o consenso em torno da realidade da mudança do clima global é geral. De acordo com um estudo recente da universidade norte-americana de Cornell, mais de 99% dos artigos sobre as alterações climáticas desde 2012 em revistas científicas coincidem ao atribuí-las à ação humana.

Leia Também: COP26. Quando o alarme das alterações climáticas soa através da arte

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