"É fundamental que o Estado faça este público reconhecimento pelo alto sentido humanista e pela dedicação e coragem manifestadas pelo Bispo Basílio do Nascimento, em determinados momentos da nossa luta pela libertação da Pátria e também no sentido de concretizar os valores e os princípios cristãos em defesa da civilização, em prol da dignificação humana num país com a maior percentagem da população católica em todo o mundo, sempre com máxima tolerância em relação às pessoas de outras confissões religiosas", pode ler-se no decreto assinado por Francisco Guterres Lú Olo.
No texto, lembra-se que Basílio do Nascimento "trabalhou incansavelmente para a afirmação da identidade timorense através da elevação dos valores e princípios da vida católica em Timor-Leste, com especial ênfase na Diocese de Baucau" e a luta pela autodeterminação "através de reuniões secretas com dirigentes da Frente Armada", uma iniciativa classificada como um "ato corajoso". por parte do bispo.
No decreto, o Presidente salienta também a vontade do homenageado em propagar "os valores e os princípios cristãos em defesa da civilização, em prol da dignificação humana num país com a maior percentagem da população católica em todo o mundo, sempre com máxima tolerância em relação às pessoas de outras confissões religiosas".
A Ordem de Timor-Leste foi criada em 2009 para demonstrar o reconhecimento de Timor-Leste por aqueles, nacionais e estrangeiros, que, na sua atividade profissional, social ou mesmo num ato espontâneo de heroicidade ou altruísmo, tenham contribuído significativamente em benefício de Timor-Leste, dos timorenses ou da Humanidade.
Estas condecorações são símbolos que demonstram o sentimento de agradecimento do Estado pelo espírito de inegável esforço manifestado durante os anos da nossa luta e durante o nosso período de construção do Estado após a saída da força ocupante.
O bispo de Baucau, a segunda maior cidade de Timor-Leste, Basílio do Nascimento, morreu no dia 30 de outubro no Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV), na sequência de um ataque cardíaco, disse fonte da Igreja católica timorense à Lusa.
Basílio do Nascimento, natural do Suai, e que em junho completou 71 anos, tornou-se uma das vozes mais mediáticas do período antes do referendo de 1999, com os seus comentários sobre a situação em Timor-Leste a serem regularmente procurados por jornalistas, especialmente portugueses.
O prelado, que chefiou no passado a Conferência Episcopal Timorense (CET), sofreu o ataque cardíaco na cidade de Maliana, a sudoeste de Díli, de onde foi aerotransportado para a capital, acabando por falecer no HNGV.
Ordenado sacerdote em 1977, Basílio do Nascimento viveu em Paris até 1982, onde completou a sua formação académica, viajando nesse ano para Évora, onde foi pároco de Cano e Casa Branca (Sousel) e Santa Vitória do Ameixial (Estremoz).
Em outubro de 1994 regressou à sua diocese original, Díli, e a 30 de novembro de 1996 foi nomeado pelo então papa João Paulo II como Administrador Apostólico de Baucau e bispo de Septimunicia, passando a ser bispo titular da diocese, a segunda do país, desde 06 de março de 2004.
A 07 de dezembro de 1999 foi agraciado por Portugal com o grau de Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
Tornou-se em 2011 o primeiro presidente da Conferência Episcopal Timorense, quando o então arcebispo Leopoldo Girelli, núncio apostólico de Timor-Leste, entregou aos bispos timorenses o decreto da Congregação para a Evangelização dos Povos, com o qual se declarou a criação da CET.
A morte do prelado timorense causou profunda consternação em Timor-Leste, com imagens do bispo a dominarem as redes sociais.
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