Pandemia agravou antissemitismo na Europa

A pandemia de covid-19 "ressuscitou" a retórica antissemita e deu origem a "novos mitos e teorias conspirativas, culpando os judeus" pela atual crise sanitária, de acordo com um relatório da União Europeia (UE), divulgado hoje.

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Lusa
09/11/2021 07:09 ‧ 09/11/2021 por Lusa

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Covid-19

"O antissemitismo, especialmente na internet, aumentou durante a pandemia", apontou a Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA), num relatório realizado com base em estatísticas oficiais e elementos recolhidos por organizações civis, citado pela agência France-Presse (AFP).

Na Alemanha, segundo a rede de associações RIAS, 44% dos incidentes antissemitas registados nos primeiros meses da pandemia foram "associados ao coronavírus".

Na República Checa, a Federação das Comunidades Judaicas registou "um aumento do discurso de ódio" na internet, alimentado pelo movimento conspiracionista contra as vacinas para combater a covid-19 e as restrições impostas para travar a pandemia.

A situação pode ainda ser mais grave que a revelada pelos dados disponíveis, apontou a agência, afirmando que "as lacunas" de informação "continuam a mascarar a realidade", com poucos países da UE a registarem de forma "eficaz" os incidentes antissemitas.

Alguns, como Portugal e a Hungria, não dispõem de quaisquer números oficiais sobre o fenómeno, apontou a agência, com sede em Viena.

Em muitos países, "a esmagadora maioria dos incidentes não é relatada, nem à polícia nem a qualquer outra instituição", sublinhou o organismo. Também por essa razão, é impossível fazer "comparações significativas", indicou.

Espanha registou apenas três incidentes no ano passado, em comparação com 339 em França, enquanto que a Alemanha registou 2.351, "o mais elevado no período 2010-2020".

"O antissemitismo é um problema grave, mas sem dados não sabemos quão grave é", disse o diretor da agência, Michael O'Flaherty, citado em comunicado, apelando aos países europeus para "intensificarem esforços" para recolher mais dados.

"Poderemos então lutar melhor contra o ódio e os preconceitos", instou.

O comunicado foi divulgado no dia em que se assinala o 83.º aniversário da "Noite dos Cristais", que marcou o início da perseguição da Alemanha nazi aos judeus, em 09 de novembro de 1938.

Bruxelas apresentou em outubro a primeira estratégia de combate ao antissemitismo, destinada a combater as mensagens de ódio na internet, reforçar a proteção de sinagogas e promover a transmissão da história da Shoah.

Leia Também: Papa adverte para surtos de ódio e antisemitismo na Europa

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