EUA consideram "totalmente inaceitáveis" detenções na Etiópia

Os Estados Unidos classificaram hoje como "totalmente inaceitáveis" as detenções feitas na Etiópia com base na etnia, após a confirmação da detenção de 16 trabalhadores locais da ONU.

Notícia

© iStock

Lusa
09/11/2021 20:36 ‧ 09/11/2021 por Lusa

Mundo

Etiópia

"As informações sugerem que as detenções foram feitas na base da etnia e se isto se confirmar condenamo-lo firmemente", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.

A ONU confirmou hoje que foram detidos em Adis Abeba um total de 22 cidadãos etíopes contratados localmente, tendo seis deles sido já libertados.

As detenções foram feitas ao abrigo do estado de emergência decretado pelo regime do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed.

Um porta-voz do governo etíope, no que foi o primeiro comentário de Adis Abeba ao sucedido, justificou as detenções com o alegado envolvimento em "atos de terror", ao abrigo do decreto que faz vigorar por seis meses o estado de emergência.

Numa declaração enviada à agência noticiosa AP, o porta-voz do governo etíope, Legesse Tulu, afirmou que as detenções foram feitas "por causa dos seus atos e participação em atos de terror", sem dar mais informações.

"(As detenções) não estão relacionadas com o seu trabalho a serviço da ONU", acrescentou.

Todos os detidos são da etnia Tigray, revelou a agência noticiosa AP um trabalhador humanitário, que solicitou o anonimato por receio de represálias.

Por seu lado, o porta-voz da ONU; Stéphane Dujarric, disse que não recebeu nenhuma explicação para a razão das detenções.

"Eles estão detidos em instalações contra a sua vontade", acrescentou Dujarric, que adiantou terem sido igualmente detidos familiares dos trabalhadores contratados pela organização.

Este incidente ocorreu dois dias depois do responsável das operações humanitárias da ONU, Martin Giffiths, ter visitado Mekelle, a capital de Tigray para pedir às autoridades de facto nessa zona que permitam a entrada de ajuda destinada à população, que atravessa uma situação crítica de insegurança alimentar.

Há várias semanas que a ONU critica de forma insistente o governo etíope pelos obstáculos ao acesso de ajuda humanitária a Tygray.

O atual conflito na Etiópia tem o foco em Tigray, onde há um ano, em 04 de novembro de 2020, eclodiram as confrontações entre as forças governamentais e a Frente popular de Libertação de Tigray (TPLF, na sigla em inglês).

O primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed Ali ordenou uma ofensiva contra a TPLF em retaliação a um ataque a uma base militar federal e na sequência de uma escalada de tensões políticas.

Após um ano de conflito, milhares de pessoas foram mortas, cerca de dois milhões estão deslocadas internamente em Tigray e pelo menos 75.000 etíopes fugiram para o vizinho Sudão, de acordo com números oficiais.

Além disso, quase sete milhões de pessoas enfrentam uma "crise de fome" no norte da Etiópia devido à guerra, de acordo com o Programa Alimentar Mundial.

Leia Também: Cerca de 17 missionários salesianos foram detidos na Etiópia

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas