Maior feira de importação da China marcada por restrições de Covid-19

A maior feira de importação da China terminou hoje, marcada por restrições no acesso ao pavilhão, numa altura em que o país asiático tenta travar o ressurgir de surtos de covid-19 em várias províncias.

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Lusa
10/11/2021 13:43 ‧ 10/11/2021 por Lusa

Mundo

China

A quarta edição da Exposição Internacional de Importação da China decorreu no Centro Nacional de Convenções e Exposições, em Xangai, a "capital" económica do país, entre o dia 05 de novembro e hoje.

Quatro empresas portuguesas -- Amália Collection, Clean & Clean, Cutipol e Critical Manufacturing -- marcaram presença com pavilhão próprio. No Pavilhão de Macau estiveram ainda representantes da Quinta da Marmeleira, Super Bock, Real Companhia Velha e Global Wines.

A realização da feira decorreu numa altura em que a China tenta extinguir surtos detetados em quase dez províncias. O país asiático pratica uma política de "zero casos" de covid-19, que implica restrições à mobilidade, medidas de confinamento ou a imposição de uma quarentena de até 21 dias, em instalações designadas pelas autoridades, para quem chega ao país.

O parque de diversões Disneylândia, na cidade de Xangai, por exemplo, confinou temporariamente mais de 30.000 visitantes, após ter sido apurado que um caso de covid-19 visitou o local.

A China detetou 39 casos de covid-19 nas últimas 24 horas.

Empresas portuguesas contactadas pela Lusa relataram dificuldades no acesso dos visitantes ao centro de exposições. Num dos casos, a própria representante da empresa foi proibida de entrar, no segundo dia da feira, por ter estado 14 dias antes numa província onde foram registadas algumas dezenas de casos de covid-19 nos últimos dias.

"Estive o dia todo ao telefone a tentar resolver esta situação", contou a empresária à agência Lusa.

De acordo com a organização do evento, quase 3.000 empresas, oriundas de 127 países, participaram na edição deste ano, superando os níveis do ano passado, mas ainda longe dos níveis pré - pandemia: na edição de 2019 da CIIE, o número de participantes ascendeu a 4.000.

A presença na feira estava já interdita a quem não foi vacinado contra a covid-19 pelo menos 14 dias antes do início do evento.

"Notou-se a diferença no movimento", apontou o representante de outra empresa portuguesa. "Houve muitos visitantes que não conseguiram entrar, porque houve casos de covid-19 diagnosticados nas províncias onde residem", disse.

O elevado custo dos fretes marítimos tem também constrangido a atividade industrial. A China, onde foram diagnosticados os primeiros casos de covid-19, foi também o primeiro país a superar a doença, repondo a atividade económica antes da Europa e Estados Unidos, o que levou a maioria dos contentores a serem deslocados para as rotas do Pacífico.

"O transporte [das mercadorias] tem sido um desafio. Os custos e tempo de entrega aumentaram. Existe escassez de contentores", explicou à Lusa Anly Dai, diretora da marca portuguesa de cutelaria Cutipol.

As vendas da empresa para a China caíram cerca de 10%, este ano, face a 2020, pressionadas também pelas medidas de prevenção contra o vírus na fábrica portuguesa, durante o primeiro semestre do ano, que reduziram a capacidade produtiva.

O Brasil participou também na CIIE com mais de vinte empresas, entre as quais 16 no seu pavilhão nacional, de diversos setores, sobretudo o agroalimentar.

Entre as empresas que contaram com um espaço próprio está a mineradora Vale, a maior exportadora mundial de ferro, para a qual a China representa 70% das vendas para o exterior - ou a popular empresa Havaianas.

O valor total das trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa atingiu 90,98 mil milhões de dólares (mais de 78 mil milhões de euros), no primeiro semestre de 2021, representando um aumento de 40,8%, face ao mesmo período de 2020.

Leia Também: Dalai Lama: Líderes chineses "não compreendem a variedade de culturas"

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