O anterior total era de 10 mortos nos protestos ocorridos hoje e, desde o golpe de Estado, são agora 45 as vítimas mortais resultantes da repressão das autoridades às manifestações contra o general Abdel-Fattah al-Burhan.
A maioria dos mortos de hoje, 11, registou-se em Cartum Norte, cidade adjacente à capital, na qual foram duas as vítimas mortais e uma em Durman, outra localidade próxima de Cartum, segundo o Comité.
Com este número, o dia de hoje passa a ser o mais sangrento desde que os militares derrubaram o governo de transição, o qual incluía também civis.
O Comité de Médicos, que desde a revolução que derrubou o ditador Omar al-Bashir, em 2019, presta assistência aos manifestantes e é a única fonte que procede à contabilização regular de mortos resultantes da repressão das forças armadas.
"Existe ainda um grande número de feridos nos hospitais de Cartum e nas vias de acesso com dificuldades de transporte", acrescentou o Comité.
As organizações civis que protestam contra o golpe militar tinham convocado para hoje uma nova jornada depois da do passado dia 13, quando as forças de segurança causaram pelo menos sete mortos.
Nos protestos de hoje, as forças de segurança utilizaram gás lacrimogéneo e bastões contra os manifestantes, de acordo com a agência noticiosa espanhola Efe.
Várias pessoas foram feridas e dezenas foram presas e carregadas para camiões de caixa aberta.
Após a dura repressão das manifestações de sábado, que resultou em várias mortes e num grande número de feridos, atores internacionais como a União Europeia e os Estados Unidos criticaram o uso da força utilizada pelas autoridades militares do país e instaram-nos a respeitar o direito à manifestação pacífica.
A comunidade internacional exige também a libertação de todos os líderes civis e militares detidos após o golpe, incluindo membros do Conselho de Ministros deposto, a restauração de um governo civil e de Abdullah Hamdok como primeiro-ministro.
A televisão estatal anunciou a abertura de uma investigação sobre as manifestações de sábado, as mais mortíferas desde o golpe com oito mortes, de acordo com o Comité dos Médicos.
O conselho, presidido pelo general Abdel-Fattah al-Burhan, realizou a sua primeira reunião no domingo, e declarou que seria formado um governo civil nos próximos dias.
Entretanto, os grupos pró-democracia começam a demonstrar alguma discórdia devido ao apelo de um grupo de partidos e movimentos políticos que pedem que o poder seja partilhado entre os manifestantes e os generais, num acordo civil-militar, como era antes do golpe de Estado.
A Associação dos Profissionais Sudaneses (SPA, na sigla em inglês), que liderou em 2019 a revolta contra Al-Bashir, criticou o apelo, defendendo que o poder deve ser entregue a civis.
A SPA disse que iria trabalhar com os comités de resistência e outros grupos para derrubar o conselho militar e estabelecer um governo civil para liderar a transição democrática.
Nos últimos dias, a comunidade internacional e organizações como as Nações Unidas têm instado os militares sudaneses que perpetraram o golpe a permitir que os cidadãos protestem livremente.
Em 25 de outubro, o líder militar sudanês, o general Abdel-Fattah al-Burhan, declarou o estado de emergência e dissolveu os corpos criados para a transição democrática no país africano, além de prender o primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, que se encontra em prisão domiciliária.
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