Turcos saem à rua em protesto contra a desvalorização da lira

Grupos de cidadãos turcos protestaram terça-feira em várias cidades da Turquia contra o colapso da lira, após perder 11% do seu valor durante o dia e atingir mínimos históricos, exigindo a demissão do governo, informam vários jornais locais opositores.

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Lusa
24/11/2021 08:49 ‧ 24/11/2021 por Lusa

Mundo

Turquia

 

Dezenas de pessoas marcharam em dois bairros no centro da capital, Ancara, gritando palavras de ordem como "Governo, demissão", enquanto outras batiam com panelas à janela, com a polícia a tentar impedir as manifestações, noticia o jornal Birgün.

A polícia turca dispersou, com gás lacrimogéneo, um protesto de estudantes universitário da Universidade Técnica do Médio Oriente (ODTÜ), tendo detido uma pessoa, disseram participantes nas redes sociais.

Também em Istambul e Izmir houve pequenos protestos nas ruas ao final da tarde, informa o diário Evrensel.

De acordo com Cumhuriyet, a polícia isolou a praça central Taksim, em Istambul, para evitar protestos.

A lira perdeu terça-feira 11% do seu valor, situando-se em 13 unidades por dólar e 14,5 por euro, acumulando assim uma perda de 20% desde a última terça-feira e 37% desde o início do ano.

O colapso começou na tarde de segunda-feira durante discurso do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, no qual defendeu a política de baixar os juros abaixo da inflação, atualmente em 20%, para criar postos de trabalho e atacou aqueles que "sobem os preços sob o falso pretexto do valor do câmbio".

O aumento do custo de vida é evidente no comércio na Turquia, onde alguns empresários afirmam que é necessário alterar os preços "diariamente", uma vez que o custo dos produtos locais depende do mercado do câmbio, porque o país importa muitas matérias-primas, como combustível e energia.

"Tenho de aumentar os preços. Quando o euro estava em oito liras [no verão passado], pedi 3.000 euros emprestados e agora não sei como pagá-los", disse hoje um mecânico de automóveis, apoiante do partido islâmico (AKP), em Ancara, à agência de notícias EFE.

Na semana passada, dois dos maiores partidos da oposição, o social-democrata CHP e o de direita IYI, convocaram eleições antecipadas, marcadas para junho de 2023, mas Erdogan rejeitou o pedido e indicou que iria manter a data.

O antigo primeiro-ministro Ahmet Davutoglu, ex-aliado de Erdogan e desde 2019 líder do pequeno partido extraparlamentar Gelecek (Futuro), reuniu-se hoje com o líder do CHP Kemal Kiliçdaroglu, tendo tuítado que as "eleições antecipadas não são necessárias, mas imediatas" para salvar o país do desastre.

Aydin Ünal, até 2018 deputado do AKP, e durante vários anos responsável por escrever os discursos do presidente turco, disse no Twitter que a Turquia "está à beira do desastre" e pediu para nomear um governador do Banco Central "independente" para instituir uma política económica diferente.

 

Leia Também: Turquia condenada em Estrasburgo por prisão preventiva de juízes em 2016

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