"A Europa apoiou-nos", mas "não pode apenas fazer declarações, deve também passar às ações", disse Tikhanovskaya ao discursar na sessão plenária do Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo, França, a convite do presidente da instituição, David Sassoli.
Tikhanovskaya apelou para uma ação urgente sobre a situação de 882 presos políticos encarcerados pelo regime do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, mais do que os 705 deputados ao PE.
"Se os convidássemos, não haveria espaço suficiente nesta câmara", disse, citada pela agência de notícia espanhola EFE.
Svetlana Tikhanovskaya, 39 anos, está exilada na Lituânia desde que Lukashenko renovou o mandato presidencial nas eleições de 09 de agosto de 2020, cujos resultados não foram reconhecidos pelo Ocidente por alegadas fraudes.
Nessas eleições, Svetlana Tikhanovskaya substituiu o marido, Sergei Tikhanovsky, como candidata da oposição, depois de ele ter sido preso em 29 de maio de 2020.
Sergei Tikhanovsky é um dos 882 presos políticos a que Svetlana Tikhanovskaya aludiu no discurso no PE.
Em 2020, o PE distinguiu Tikhanovskaya e outros dirigentes da oposição democrática bielorrussa com o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento.
Tikhanovskaya agradeceu o apoio contra Lukashenko, mas disse que a UE tem de ultrapassar os "interesses nacionais" que impedem uma maior firmeza contra o regime bielorrusso.
Disse que a UE demonstrou preocupação com a utilização de migrantes pela Bielorrússia na fronteira com a Polónia, Lituânia e Letónia para exercer pressão sobre Bruxelas, mas salientou que "nove milhões de bielorrussos continuam reféns" de Lukashenko.
"A crise bielorrussa está muito mais próxima do que pensamos. Os bielorrussos não estão seguros no país nem no estrangeiro, e os outros europeus também não", disse.
Tikhanovskaya sugeriu que Lukashenko pode ser combatido com a mesma estratégia usada contra o coronavírus da covid-19: isolar, tratar e curar.
Para isolar o regime de Minsk, sugeriu que se evite receber os seus embaixadores e apelou às forças democráticas bielorrussas para participarem em eventos como a cimeira da Parceria Oriental em Bruxelas, em dezembro, entre a UE e várias antigas repúblicas soviéticas.
Insistiu que o "tratamento" deve basear-se num forte regime de sanções e disse que Bruxelas está a preparar novas medidas contra os dirigentes bielorrussos responsáveis pela atualização de migrantes na fronteira externa da UE.
"Garanto que resultam, continuem a aplicar sanções coerentes", pediu.
Tikhanovskaya frisou que a UE não se pode limitar a declarações de "grande preocupação" sobre o que está a acontecer na Bielorrússia.
"Acham que as vossas declarações de profunda preocupação lhes dão [aos bielorrussos] alguma esperança?", perguntou aos eurodeputados.
"A Europa deve ter a coragem de agir agora, não temos mais um ano", acrescentou.
O presidente do PE chamou a Tikhanovskaya "um símbolo da luta pela democracia e liberdade e uma voz para muitos prisioneiros políticos atualmente encarcerados na Bielorrússia".
David Sassoli lamentou que mais de um ano após as últimas eleições presidenciais, a Bielorrússia continue "a violar os direitos dos seus cidadãos, a silenciar a sociedade civil e a usar a repressão como arma todos os dias".
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