"O ACNUR apela a todas as partes a respeitarem o caráter civil e humanitário dos cidadãos deslocados, onde tanto estas pessoas como a população local estão a ser atacados", declarou o porta-voz da agência, Boris Cheshirkov.
No último incidente - que ocorreu domingo num campo de refugiados conhecido como Jangi-Ivu, na cidade de Njalaa (província de Ituri) - os rebeldes mataram pelo menos 26 pessoas, segundo fontes locais.
As milícias também atacaram as colónias Drodro e Tché, também em território Djugu em Ituri, no dia 21 de novembro, matando pelo menos 44 pessoas, de acordo com números oficiais.
Contudo, fontes da sociedade civil disseram à agência noticiosa Efe que mais de 100 pessoas foram mortas nesses ataques.
Os rebeldes atearam então fogo ao campo de Drodro, forçando aproximadamente 16.600 pessoas a procurar refúgio noutros locais, disse à Efe o porta-voz do ACNUR para a região, Sanne Biesmans.
De acordo com a agência da ONU, o número de deslocados no campo vizinho de Roe aumentou de 21.000 para 40.500 em menos de 48 horas.
As autoridades da RDCongo culparam a Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (Codeco) pelos ataques, um grupo rebelde pouco conhecido que surgiu em 2018 com o objetivo de combater os abusos do exército, embora tenha cometido numerosos assassinatos de civis.
Segundo Cheshirkov, "estes ataques, que são parcialmente causados por tensões intercomunitárias, estão a exacerbar os problemas enfrentados pelos deslocados internos".
Atualmente, mais de 5,6 milhões de congoleses foram forçados a fugir das suas casas devido à violência, declarou hoje a agência.
Além disso, de acordo com dados da ONU, mais de metade da população da província de Ituri - três milhões de pessoas - está a sofrer de níveis extremos de insegurança alimentar.
Ituri e as províncias vizinhas de Kivu Norte registaram um aumento do número de ataques rebeldes e de mortes de civis durante o ano passado, levando o Governo congolês a declarar estado de emergência no final de abril.
Apesar desta medida, e de uma maior presença militar na região, o 'Congo Research Group', um projeto de investigação independente sobre o país, contou mais de 1.000 civis mortos nos últimos sete meses.
Desde 1998, o leste da RDCongo tem estado em conflitos alimentados por milícias rebeldes e ataques de soldados do exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz das Nações Unidas (MONUSCO), que enviou mais de 14.000 soldados.
A ausência de alternativas e de meios de subsistência estáveis levou milhares de congoleses a pegar em armas e, segundo o Barómetro de Segurança de Kivu (KST), a região é um campo de batalha para pelo menos 122 grupos rebeldes.
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