Boris Johnson pede desculpa mas nega festa em Downing Street

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu hoje desculpas pelo conteúdo de um vídeo que mostrava assessores a gracejar sobre uma alegada festa de Natal em Downing Street, mas a oposição questionou a "autoridade moral" para se manter em funções.

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Lusa
08/12/2021 13:48 ‧ 08/12/2021 por Lusa

Mundo

Covid-19

Na abertura do debate semanal no Parlamento, Johnson afirmou que estava "furioso" com as imagens e que pediu ao chefe de gabinete para que investigue as alegações sobre uma festa no edifício da residência oficial, contrariando as regras do confinamento na altura.

"Eu compreendo e partilho a raiva em todo o país ao ver funcionários do Número 10 [de Downing Street] parecendo fazer piadas sobre as medidas de confinamento, e percebo que deve ser exasperante pensar que as pessoas que têm definido as regras não respeitaram as regras, porque também fiquei furioso ao ver aquele vídeo", afirmou.

O chefe do Governo prometeu "ação disciplinar para todos os envolvidos" se for descoberto que as regras, que não permitiam encontros sociais em espaços fechados na altura, foram desrespeitadas. 

"Peço imensas desculpas pelo insulto que tem causado em todo o país e peço desculpa pela impressão que dá. Mas eu repito que me foi garantido, desde que essas alegações surgiram, de que não houve festa e que nenhuma regra covid foi violada", acrescentou. 

Um vídeo interno obtido e divulgado pela estação ITV mostra a então porta-voz, Alegra Stratton, o assessor Ed Oldfield e outro colaborador a gracejar sobre uma "festa imaginária" durante os ensaios para uma conferência de imprensa.

No vídeo, datado de 22 de dezembro, Stratton é intimada a responder a perguntas sobre uma festa de Natal em Downing Street na sexta-feira anterior.

"Esta festa imaginária foi uma reunião de trabalho e não teve distanciamento social", brinca, entre risos e a piada de outro assessor de que "não foi uma festa, foi vinho e queijo".

O vídeo vem alimentar as alegações de que uma festa terá ocorrido na residência oficial do primeiro-ministro, em Downing Street, a 18 de dezembro, quando Londres estava sob restrições apertadas devido à crise de saúde e encontros sociais em espaços fechados entre duas ou mais pessoas eram proibidos.

A notícia, inicialmente avançada pelo tablóide Daily Mirror na semana passada, foi entretanto repetida por fontes do Governo a outros meios de comunicação britânicos, que adiantaram detalhes como a participação de dezenas de pessoas que consumiram álcool e fizeram jogos. 

Durante o debate, o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, acusou Johnson de estar a tratar as pessoas como "idiotas" e que "até mesmo o primeiro-ministro deve perceber os estragos que ele fez à sua credibilidade para fazer cumprir as regras agora e no futuro".

"Este vírus não foi derrotado. Vamos enfrentar outros desafios", avisou, questionando a "autoridade moral [de Boris Johnson] para liderar e pedir ao povo britânico que cumpra as regras".

Para o líder parlamentar do Partido Nacional Escocês, Ian Blackford, o país encontra-se "à beira de outro precipício" devido ao perigo da variante ómicron e que a liderança "é uma questão de vida ou morte", pedindo a Boris Johnson para se demitir.

O primeiro-ministro respondeu, acusando os opositores de "brincarem com a política".  

Leia Também: Boris Johnson pressionado a esclarecer alegações de festa imprópria

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