Pandemia e cheias tornam ano num dos mais difíceis de Timor-Leste

Os efeitos da pandemia, que agravaram a crise económica que Timor-Leste enfrenta desde 2017, e o impacto severo das cheias de abril tornaram o ano de 2021 num dos mais difíceis para o país dos últimos 15 anos.

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Lusa
10/12/2021 18:33 ‧ 10/12/2021 por Lusa

Mundo

Timor-Leste

Timor-Leste termina o ano com alguma recuperação económica, mas globalmente a economia continua praticamente em níveis do início da década passada.

Apesar dos maiores gastos públicos do Governo (principal motor da economia), que contou em 2021 com um orçamento do Estado pleno -- 2020 foi marcado por duodécimos -- a economia nacional tem continuado a sofrer.

Ao longo do ano o país viu mais empresas a fechar, mais despedimentos e a perda de emprego, com danos provocados pelas cheias a condicionar ainda mais a recuperação, inclusive para o setor informal.

Restrições em movimentos, durante grande parte do ano devido à covid-19, estradas danificadas devido às cheias e uma queda no poder de compra, afetaram a própria produção agrícola nacional, que sentiu mais dificuldades do que nunca para chegar aos mercados.

Ao longo do ano, o Governo aprovou pacotes de medida de apoio a empresas, famílias e trabalhadores, mas a assistência ficou curta e muitas empresas tiveram que fechar as portas.

A agravar a situação na reta final do ano esteve também a crescente inflação a ter impacto nos produtos de consumo mais básico e a fazer encarecer ainda mais o cabaz de compras das famílias.

Paralelamente, e depois de anos de instabilidade política, Timor-Leste viveu em 2021 um dos seus períodos de maior normalidade na governação, com a maioria no parlamento a garantir apoio ao Governo de três partidos -- Fretilin, PLP e KHUNTO.

No caso da pandemia, Timor-Leste passou 2021 sempre em estado de emergência, mas com picos de infeção, especialmente em agosto, quando a variante Delta entrou a sério no país e se registaram (entre agosto e setembro) a grande maioria dos 122 mortos desde o início da pandemia.

Timor-Leste termina o ano praticamente sem casos ativos de covid-19 e com as autoridades a acelerarem a vacinação, que já chegou a cerca de 70% da população com mais de 18 anos.

Um dos períodos de maior número de contágios ocorreu logo depois das cheias que forçaram o Governo a levantar várias restrições para responder à calamidade natural que causou dezenas de mortos e afetou dezenas de milhares de famílias.

Meses depois das cheias há ainda muitas famílias em acomodações temporárias e muitas infraestruturas continuam por recuperar. E quando chove a fraqueza das infraestruturas, especialmente da drenagem em Díli, voltam a evidenciar-se.

A melhoria das condições da pandemia em Timor-Leste e a vontade geral de terminar o isolamento de quase dois anos que a ilha viveu, viram aumentar a regularidade de voos ainda que longe das ligações diárias do passado.

A nível internacional, destaque para a nomeação do timorense Zacarias da Costa como secretário-executivo da CPLP, os esforços de Timor-Leste para aderir à ASEAN e o processo de adesão à Organização Mundial de Comércio (OMC).

O ano fica ainda marcado pelo retomar do debate político-eleitoral, desta vez a pensar nas eleições presidenciais previstas para março de 2022 e onde se espera um amplo e diverso leque de candidatos.

A candidatura à reeleição do atual Presidente, Francisco Guterres Lú-Olo e a possível candidatura do ex-Presidente José Ramos-Horta como candidato apoiado por Xanana Gusmão são duas das que têm marcado os debates mais recentes.

Ainda no campo político, apesar da maior estabilidade, evidenciaram-se ao longo do ano momentos de alguma tensão na relação das três forças políticas no Governo e entre o executivo e as bancadas que o apoiam no parlamento.

Destaque ainda para a decisão anunciada da candidatura do deputado e veterano José Somotxo e do ex-primeiro-ministro Rui Araújo, aos cargos, respetivamente, de presidente e secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), maior partido timorense e que deverá ter diretas em meados de 2022.

O ano termina, no setor cultural, com a UNESCO a considerar o tais, o têxtil timorense, como possível Património Cultural Imaterial, e o escritor Luís Cardoso a vencer o Prémio Oceanos 2021 pelo seu romance "O Plantador de Abóboras".

Mais polémica foi a participação timorense na Feira Mundial no Dubai, com o Governo a ser criticado pela extensa delegação que levou ao país.

Leia Também: Luís Cardoso diz que prémio Oceanos abre caminho a literatura timorense

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