"Devemos unir-nos fortemente para enfrentar os agressores que tentam reduzir o terreno da liberdade e da democracia", sustentou a chefe da diplomacia britânica, Liz Truss, cujo país assegura a presidência do G7 (grupo dos países mais industrializados do mundo: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), na abertura deste encontro de dois dias.
"Para tal, devemos falar absolutamente a uma só voz", acrescentou, apelando a uma reflexão para "reduzir a dependência estratégica" e fortalecer "a arquitetura de segurança" das grandes potências que se afirmam do lado democrático contra os "regimes autoritários".
Embora Truss não tenha nomeado adversários, estas afirmações inscrevem-se na vontade, nomeadamente dos Estados Unidos, de fazer o G7 participar na estratégia ocidental para deter as ambições da China no palco mundial.
Para já, é sobretudo um outro adversário que está na sua mira: Moscovo, que Washington, os europeus e Kiev acusam, desde há algumas semanas, de preparativos para possivelmente invadir a Ucrânia, o que o Kremlin nega.
O Governo norte-americano anunciou hoje que vai enviar a sua secretária de Estado adjunta encarregada da Europa, Karen Donfried, à Ucrânia e à Rússia entre segunda e quarta-feira, para obter "avanços diplomáticos para pôr fim ao conflito no Donbass", no leste da Ucrânia, "aplicando os acordos de Minsk".
Esses acordos, concluídos em 2015 para pôr termo à guerra que eclodiu um ano antes naquela região ucraniana entre as forças de Kiev e separatistas pró-russos, nunca foram realmente respeitados.
Esta questão premente esteve no centro dos encontros bilaterais à margem da reunião de Liverpool, fazendo com que Liz Truss evocasse a necessidade de uma "frente unida contra a agressão russa" com a nova ministra alemã, Annalena Baerbock.
Esta última e o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, "concordaram que será necessária uma resposta firme em caso de escalada de Moscovo", indicou a diplomacia norte-americana.
Tais afirmações fazem eco das do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que "fez saber" na terça-feira ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, que a Rússia se exporia a "fortes sanções, entre outras, económicas", em caso de ataque à Ucrânia.
Apesar das tensões ainda extremas, os dois dirigentes decidiram encarregar as respetivas equipas de reuniões de acompanhamento para ver se era possível um desanuviamento diplomático. A visita de Karen Donfried será, assim, o primeiro passo desse processo diplomático.
Os chefes da diplomacia da Alemanha, do Canadá, dos Estados Unidos, da França, da Itália, do Japão e do Reino Unido devem também abordar as outras crises em curso, nomeadamente em Myanmar, com o golpe de Estado militar de 01 de fevereiro e a recente condenação a uma pena de prisão da ex-dirigente civil Aung San Suu Kyi, prémio Nobel da Paz 1991.
Os ministros do G7 deverão igualmente apelar ao Irão para que cesse a escalada nuclear e retome o cumprimento das restrições impostas ao seu programa atómico.
Para Liz Truss, a "frente unida" face aos regimes autoritários passa igualmente pelo aprofundamento das relações económicas entre os países democráticos.
"Devemos vencer a batalha das tecnologias, assegurando-nos de que as nossas normas tecnológicas são definidas por quem crê na liberdade e na democracia", defendeu, referindo-se novamente a Pequim.
Durante este fim de semana, os ministros do G7 participarão em reuniões alargadas aos seus homólogos da União Europeia (UE), da Coreia do Sul e da Austrália.
No domingo, Liz Truss organizará sessões plenárias sobre a segurança sanitária mundial, bem como sobre a região indo-pacífico. Ministros dos Negócios Estrangeiros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) juntar-se-ão pela primeira vez à reunião do G7.
O secretário de Estado norte-americano deverá ainda deslocar-se, depois de Liverpool, à Indonésia, Malásia e Tailândia, num périplo destinado a sublinhar a importância dessa zona, no centro da estratégia anti-China dos Estados Unidos.
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