Pequim considera hipócritas críticas sobre as eleições em Hong Kong

A República Popular da China considerou hoje "hipócritas" os países ocidentais que expressaram preocupações pela erosão democrática no sistema eleitoral de Hong Kong, na sequência das eleições legislativas do passado domingo no território.

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Lusa
21/12/2021 13:33 ‧ 21/12/2021 por Lusa

Mundo

Hong Kong

"Todas as críticas são infundadas e expõem a hipocrisia e as intenções maliciosas no sentido de provocarem instabilidade em Hong Kong", disse Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim, durante uma conferência de imprensa. 

"Alguns países, sem vergonha nenhuma, falam de preocupações democráticas. Para começar, Hong Kong nunca usufruiu de um sistema democrático sob o domínio colonial britânico e nenhum destes países supostamente democráticos expressou preocupação sobre isso", afirmou o porta-voz que pediu respeito pela "soberania da China", desejando que termine a interferência internacional nos assuntos internos do país.

Na terça-feira, o alto representante para a Política Externa da União Europeia, Josep Borrell e os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 destacaram as mudanças no sistema eleitoral introduzidas no princípio do ano na Região Administrativa Especial de Hong Kong.

Criticaram a redução do número de lugares do Parlamento eleitos diretamente e o estabelecimento de um comité que restringe os candidatos de se apresentarem, circunstâncias que consideraram porem em risco a autonomia política de região.

"Hong Kong faz parte da China e as últimas eleições foram democráticas, seguras, justas, limpas e inclusivas. O novo sistema eleitoral pressupõe uma melhoria e foi elaborado segundo as características de Hong Kong. Se é bom ou não tal deve ser julgado avaliando se permite a Hong Kong gozar de uma maior prosperidade, estabilidade e segurança, a longo prazo", disse Zhao Lijian. 

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China criticou também os Estados Unidos devido às sanções de Washington pela situação política em Hong Kong.

"Ridículas e ilegais", disse Zhao Lijian.

Com a maior parte da oposição vetada pelo regime de Pequim, as eleições de domingo na ex-colónia britânica, vizinha de Macau, registou a participação mais baixa de sempre - 30,2% - muito inferior à participação registada na votação para o Parlamento em 2016 que atingiu os 58,8%.

O porta-voz Zhao Lijian considerou que a abstenção ficou a dever-se a "interferências estrangeiras" e à "sabotagem das forças desestabilizadoras 'anti-China'"

Apesar das eleições em Hong Kong já se encontrarem restringidas à partida no sentido de favorecerem a elite pró-Pequim, com o novo sistema eleitoral o número de representantes eleitos por sufrágio direto caiu de 35 para 20 lugares, tendo aumentado para 40 o número de deputados designados por um Comité Eleitoral, controlado pelo Governo central.

Os outros 30 deputados são designados como representantes dos vários setores da sociedade local.

Sendo assim, os 20 lugares que resultam do voto direto dos eleitores foram ocupados pelos candidatos pró-Pequim, tal como os 40 cujos ocupantes são escolhidos pelo Comité Eleitoral.

Dos 30 deputados designados como representantes dos setores da sociedade apenas um dos poucos candidatos apontados como "moderados" foi eleito.

Os opositores democráticos que concorreram às últimas eleições não se puderam apresentar porque estão presos, exilados, decidiram não se candidatar ou foram vetados, dado que apenas se podem candidatar os aqueles cidadãos considerados "patriotas" pelo referido comité.

O regime comunista de Pequim defende que devolveu a Hong Kong "o rumo democrático correto" e que salvou a região do "caos" após os protestos da oposição que se registaram em 2019.

Os principais ativistas do movimento democrático estão atualmente presos por delitos como incitamento à manifestação ou participação nos protestos.

Muitas organizações da sociedade civil foram desmanteladas e verificam-se atropelos à liberdade de expressão, nomeadamente o encerramento de jornais, como o Apple Daily, acusado de pôr em perigo a segurança nacional da China.

Leia Também: Hong Kong em alerta devido à aproximação de tempestade tropical

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