O Reino Unido ultrapassou esta quarta-feira os 106 mil casos de novas infeções diárias, um recorde que viria a ser ultrapassado na quinta-feira, com quase 120 mil casos. Mas, numa altura em que o governo se debate por impor mais regras ou manter as atuais, o que pensam os britânicos?
O Notícias ao Minuto falou com três britânicos para perceber o que pensam da situação vivida no país.
Alex Weisberg defende que as pessoas deveriam poder tomar decisões por sim mesmas, em vez de ser o governo "a pensar por elas".
"As restrições, de uma maneira geral, são ridículas", defende afirmando que nenhuma das medidas implementadas como os confinamentos ou uso de máscara contribuíram para uma redução permanente do vírus.
"Todas as reduções nos casos foram temporárias e as vacinas não ajudam a reduzir a propagação. O vírus, portanto, veio para ficar", afirma. Perante esta opinião, Alex explica que os "britânicos tornaram-se pensadores preguiçosos" e que o que é preciso fazer é informar melhor os britânicos de forma a dar-lhes ferramentas para que tomem "decisões informadas".
"Acredito que seria melhor que as pessoas pensassem e tomassem decisões por si mesmas", sublinha. "Se as pessoas podem decidir em quem votar nas eleições, devem ser capazes de pensar por si mesmas sobre como devem se comportar quando se trata de proteção ou não de um vírus", acrescenta.
Alex esteve em Portugal no mês de novembro e compara a forma como os dois países estão a lidar com a pandemia. Se no caso do Reino Unido, a entrada na maioria dos espaços com máscara chegou a ser opcional - agora é obrigatória - em Portugal nunca deixou de ser obrigatório. O britânico considera, no entanto, que as obrigatoriedades do uso de máscara são, no entanto, incoerentes no caso português.
"Em Portugal, achei engraçado que as lojas em geral não estivessem muito cheias, mas era obrigatório usar máscara e recusavam-nos a entrada se não a usássemos. Por outro lado, o uso de máscara não era necessário em bares e discotecas muito movimentadas com centenas de pessoas", salienta afirmando que a medida é desprovida de lógica.
Jack também falou com o Notícias ao Minuto. É fisioterapeuta e trabalha no sistema de saúde britânico. Defende que as medidas restritivas são necessárias para travar a pandemia e, também, para não sobrecarregar o sistema de saúde, mas não concorda com um novo confinamento.
"Não é o aumento de casos que nos preocupa, estamos preocupados com a pressão sobre os hospitais se as pessoas continuarem a chegar com Covid. 10% dos funcionários do sistema de saúde britânico nos hospitais de Londres têm atualmente a Ómicron e têm, por isso, de ficar em casa, causando ainda mais pressão nos serviços", explica o fisioterapeuta.
Segundo Jack, as pessoas têm o direito de escolher ser ou não vacinadas, porém, terá de haver restrições para essas mesmas pessoas, que escolhem não levar a vacina, como, por exemplo, não poderem estar em áreas com muita gente até que a pandemia esteja definitivamente controlada.
"Eu acho que se as pessoas deveriam poder fazer uma escolha informada sobre o seu estado de vacinação e terem tempo para serem vacinadas", acrescenta.
Joe Avis afirma que as medidas em vigor, como as máscaras em lojas e transportes públicos e passaportes Covid para eventos de grande dimensão "são boas o suficiente".
"Não acho que precisamos de mais devido à vacina e ao reforço, além disso, a Ómicrom não parece ser tão mortal quanto a variante Delta", defende.
À semelhança de Alex, também Joe esteve em Portugal há pouco mais de um mês. Este considera que a situação em Portugal é "muito semelhante" com a vivida no Reino Unido. "Parece [uma situação] normal em ambos os países".
Recorde-se que o Reino Unido foi o que mais rapidamente sofreu com a nova variante levando a que a mesma fosse dominante em menos de um mês. O país pondera novas medidas restritivas numa tentativa de não sobrecarregar os hospitais, no entanto, Boris Johnson já anunciou que estas medidas não serão anunciadas antes do Natal.
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